segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Pensamento

site YESHUA CHAI

Existem coisas na vida que podem ser simples, mesmo que não sejam fáceis. Ser verdadeiro é uma dessas coisas. Contar uma mentira (mesmo uma mentira branda) pode ser fácil, mas não é simples. Você precisa ter certeza de que tudo o que disser no futuro não irá "expô-lo"; você terá que inventar histórias para encobrir. Então, pense sobre isso: não ser verdadeiro pode parecer mais fácil no momento, mas não será tão simples no futuro. Por outro lado, ser verdadeiro pode ser difícil, mas é um bocado mais simples.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O sentido da vida se arranca das pedras e não dos céus

Título original: A vida light
por Luiz Felipe Pondé para a Folha

Seria a vida frágil? Uma aluna me respondeu esta pergunta assim: "A vida burguesa é frágil". Esse é um erro de quem pensa que a miséria humana foi inventada pelo capitalismo. Culpa de professores, sociólogos e filósofos. O capitalismo é apenas uma face da fragilidade. Mas pensar que a vida seja frágil apenas quando é burguesa é também uma forma, ainda que chique, de se enganar.

Pensar que a vida melhorou na modernidade me parece também um engano. Como me lembrou um aluno recentemente: "As soluções modernas para a vida são como remendos em feridas incuráveis" (mais ou menos isso), diria o filósofo romeno radicado na França Émil Cioran (século 20).

Mas como é boa a vida das pessoas simples! Não me refiro necessariamente aos pobres, para quem café da manhã, almoço e janta resumem a esperança e o ideal do dia a dia (e nem é apenas assim, porque figuras como Jesus e espíritos afins os ajudam no dia a dia). A vida deles não me parece fácil nem um pouco.

Refiro-me a quem lança mão de artifícios (valores da moda, teorias políticas, marketing de comportamento, concepções prontas de mundo e similares) para enfrentar a falta de sentido das coisas. O sentido da vida se arranca das pedras e não dos céus ou das teorias. Os lábios dos que buscam sentido estão secos como os de quem vaga por um deserto. Quer um exemplo de pessoa simples? Qualquer um que se defina diante da vida como "conservador" ou "progressista" (estereótipos).

Aliás, quem se define assim, me parece, o faz por marketing pessoal, ignorância ou simples má fé.


Normalmente o "progressista" se vende melhor entre pessoas "chiquinhas-cultas" e solitárias, mas o "conservador" se vende bem em igrejas, associações de raivosos e afins. O filme "Amor sem Escalas", com George Clooney, é um bom teste para ver se somos simples. Seria um filme "conservador" ou "progressista"?


Condenaria ele a vida pós-moderna e seu hino ao individualismo "hard" (porque, ao final, defenderia a vida familiar e o casamento) ou, ao contrário, defenderia ele mulheres que só pensam na carreira e que fazem de seus maridos que ganham menos do que elas coitados traídos (porque elas estariam colhendo os merecidos frutos "benignos" da emancipação feminina contra séculos de opressão)?

O roteiro é quase didático (digo como qualidade positiva) ao expor a insignificância desta oposição "conservador x progressista" quando se trata de narrar o estrago moderno sem qualquer possibilidade de cura ou retorno.


Há um desfile de temas típicos do debate contemporâneo: família, amor, valores morais, falta de vínculos, conflito de gerações, seres humanos como mercadoria no capitalismo selvagem e impacto das mídias high-tech. Clooney é um típico pós-moderno feliz: "I like to travel light" ("gosto de viajar leve", credo pós-moderno, "viajar" aqui significa "viver"). Isto é: sem vínculos.


Seu personagem, além de viajar pelo país demitindo gente (o que, no filme, marca a condição miserável da vida sob o regime capitalista), faz conferências motivacionais para ajudar as pessoas a viverem com poucos vínculos e descobrirem que essa vida "light" é a melhor.


Uma mulher (como sempre, quando se trata de homens que gostam de mulheres) será o principal agente de sua queda. Ela porá o modo de vida de nosso pós-moderno bem-sucedido sob xeque-mate, juntamente com pequenos dramas familiares e mudanças no seu cotidiano de trabalho que lembram a ele sua própria efemeridade. Ela o derrotará quando ele se apaixonar e buscar vínculos. O filme destrói sua tese do pós-moderno "light" e feliz.


Mas calma aí! Tampouco o filme narra a redenção do pós-moderno egoísta pelas mãos de suas irmãs ou pela "bela" vivência do amor. Ao contrário, o papel do amor aqui é de destruir a bela vida pós-moderna, sem deixar nada no lugar.


Antes do amor, ele se deliciava em ser livre e sem vínculos, depois, ele vagará pelos aeroportos e hotéis como alguém que sabe que o amor faz mal: os casais podem sim ser infiéis e as famílias neuróticas, ridículas e solúveis em água. Ele já sabia disso, apenas teve a prova na carne. Mas não terá sido em vão: pequenos gestos de generosidade marcarão seu amadurecimento.


Enfim, a consciência tirou de nosso herói a leveza que toda forma de ignorância carrega, mas não trouxe felicidade, como sempre. É um filme de gente grande.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/2010/02/o-sentido-da-vida-se-arranca-das-pedras.html#ixzz1hPfMrJzN
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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

SÉRIE DESVIOS NA IGREJA: Quem são os Ungidos do Senhor?

Os “Ungidos” do Senhor ou; Onde estão os Verdadeiros Profetas?

Por Giuliano F. Miotto


Um texto bíblico chama muito a atenção pelo seu caráter exortativo e, ao mesmo tempo, confortante aos que o seguem: “Pois a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência; mas, como fomos aprovados de D’us para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar a homens, mas a D’us, que prova o nosso coração. Porque, como bem sabeis, nunca usamos de palavras lisongeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus é testemunha.” (I Ts 2: 3-5).

Vamos agora fazer uma viagem aos tempos de Davi, antes ainda de o mesmo ser aclamado rei de Israel, mais precisamente quando fugia de Saul: “E disse Davi a Abisai: Nenhum dano lhe faças; porque quem estendeu a mão contra o ungido do Senhor e ficou inocente?”
Mas o que tem a ver o primeiro texto com o segundo? Tudo! Principalmente quando damos uma boa olhada ao nosso redor e vemos a miríade de Igrejas e denominações que têm se erguido a cada dia, cada qual com suas doutrinas, sistemas de evangelismo e abordagens teológicas da Palavra de D’us. Vivemos em momentos derradeiros no relógio do Senhor e a cada dia que passa, chegamos mais perto da volta de Cristo, para julgamento dos vivos e dos mortos.
Ao estudar os métodos utilizados pelas principais seitas cristãs conhecidas no mundo, vemos que todas elas surgem, ou a partir de interpretações errôneas das Sagradas Escrituras, ou de supostas revelações especiais de D’us aos seus fundadores, ou da palavra de espíritos enganadores. Tanto faz como surgem, o importante é obedecermos as palavras do Senhor e, munidos da verdadeira sã doutrina, julgarmos os que estão dentro do Corpo de Cristo (I Co 5:12), pois o julgamento de D’us é para o mundo e para os pecadores (que me desculpem esta redundância gritante).
Só que quando tentamos julgar os que estão dentro, com a Espada da Palavra, esbarramos num sofisticado sofisma introduzido em nossas Igrejas pelo grande e sagaz, pai da mentira, ou o Inimigo, como preferem os mais esclarecidos. É o tal do: “Não diga isto irmão, não podemos tocar no ‘ungido’ do Senhor”.
Agora eu pergunto, quem é o verdadeiro ungido do Senhor? Alguém poderia contra-argumentar que todo poder e autoridade são constituídos por D’us ou, ainda, desfilar um monte versos bíblicos acerca de autoridade e submissão. Seja lá qual for seu argumento, eu novamente afirmo: Esta estória de “ungido” do Senhor já passou de todos os limites do razoável. Virou uma espécie de imunidade parlamentar dos falsos profetas, que é invocada com toda cerimônia quando alguém se propõe a ser a voz de D’us, em outra palavra profetizar no sentido bíblico desta.
Voltemos à Palavra do Senhor, em Atos 5: 29, e encontraremos Pedro e os apóstolos respondendo em alto e bom som ao conselho de Gamaliel: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.” Ficou claro para você? A Palavra do Senhor tem que ser entendida em sua totalidade e não em partes, ou com seus versículos totalmente retirados de seu contexto. Não podemos pegar esta mesma Palavra e moldá-la segundo os interesses da platéia e esquecer que precisamos antes obedecer a Deus e a seus princípios do que aos homens, que são maus, egoístas e cheios de lascívia.
Assim, podemos voltar a Davi em sua contenda com Saul e, fortalecidos com todo o entendimento que vem do Espírito Santo, trazermos à existência seu verdadeiro significado. Mesmo que isto possa assustar alguns “ungidos” do Senhor de plantão.
Toda a Palavra de D’us é repleta de exortações à obediência aos homens constituídos pelo Pai como autoridades sobre o povo. E este princípio é sagrado e muito importante para toda a Igreja. A rebelião constitui-se em grande pecado e o objetivo deste pequeno artigo, não é incitar os irmãos a rebelar-se contra seus líderes ou de outras igrejas, mas sim tentar desmistificar a questão proposta. Entendo que foi pela rebelião que houve a queda do Homem no Jardim do Éden e que, por ela, o mundo inteiro tem voltado suas costas para o Único, Soberano, Eterno e Rei dos Reis, Elohim (D’us todo poderoso). De forma que, não nos é lícito levantarmos a mão contra a vida daqueles a quem D’us colocou em uma posição de autoridade dentro ou fora da Igreja. Por certo que Davi, embora não tenha se levantado contra a vida de Saul, o que fez com bom entendimento da vontade Soberana do Senhor, por outro lado, não cruzou os braços em face do sistema contrário ao seu D’us. E é neste ponto que reside a maior sutileza do sofisma do “ungido” do Senhor. Entenda, nossa luta não é contra a carne e o sangue (pessoas), mas contra principados e potestades (sistemas).
Mas o que fazer quando vemos tantas heresias inseridas dentro da Casa de D’us e a grande quantidade de pessoas que não têm o devido caráter de Cristo, dirigindo até mesmo grandes congregações? Devemos nos calar e fingir que tudo vai bem? Sermos hipócritas a ponto de agirmos como se isto não nos dissesse respeito?
Vou esclarecer melhor este ponto: Nós não podemos nos levantar contra a vida de um Pastor ou Líder que esteja pregando o evangelho com engano, imundícia ou fraudulência, mas sim contra todo o sistema de engano que é formado através desta pregação. Devemos orar e jejuar pela salvação deste líder mas, como obreiros aprovados e que não temos de que nos envergonhar, cumpre-nos fazer o mesmo que Jesus fez com relação ao sistema dos fariseus, que Davi fez com o de Saul, Paulo com os maus obreiros das Igrejas que fundou etc.
Ora, Paulo em sua segunda epístola a Timóteo conjura ao seu discípulo para que pregue a palavra, redargua, repreenda e exorte, sempre com toda longanimidade e doutrina (Capítulo 4, vs. 1 e 2). Diante disso, não é lícito nos acovardar ante um sofisma bem elaborado pelo insidioso Ba´alzebu. É inadmissível ficarmos escondidos atrás de um versículo tirado de seu contexto e levantado como estandarte por todos aqueles que não querem que as coisas mudem.
Por fim, gostaria de retomar um pedaço do primeiro texto citado acima: “como fomos aprovados de D’us para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não como para agradar a homens, mas a D’us, que prova o nosso coração.” Não é dever da Igreja propagar um evangelho superficial e sem substância. Sei que somos “mais do que vencedores” entretanto um versículo acima temos, “Por amor de ti somos entregues á morte todo o dia” (Romanos 8: 36 e 37). Diante de todas estas colocações, mais uma dúvida surge em meu coração: Onde estarão os verdadeiros Profetas do Senhor? Por onde andará o lamentoso Jeremias, ou os realistas Isaías e Ezequiel? Graças te dou meu Senhor, por que suas Palavras geram vida eterna e porque seus profetas já estão a caminho do teu Templo e ainda, quando o Senhor adentrá-lo, teu fogo refinador consumirá tudo o que é palha, madeira e feno.



Retirado do site: do YESHUA CHAI
Um texto maravilhoso! Escrito anteriormente revelador e que nos encoraja na perserverança da palavra de D-us.
Eu, extraí o texto do site do yeshua chai.


Esse texto é bem legal, veremos as invenções de alguns ungidos de Deus.

Artigo retirado do jornal voz do deserto:


Tema do Mês:

Devemos seguir a doutrina bíblica ou os "costumes" do homem?

"Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, é soberbo, en nada sabe". (1 Tim 6:3,4a)


Embora se veja muitas especulações sobre o significado deste versículo, na realidade o que o apóstolo Paulo quer dizer é que simplesmente todo tipo de ensinamento deve estar de acordo com a Bíblia, e o que não tiver base bíblica, não pode ser considerado jamais como doutrina. Infelizmente podemos ver muitas pessoas que confundem tremendamente o que venha a ser Doutrina e costumes, e isso tem trazido problemas gravíssimos dentro da igreja do Senhor Jesus Cristo. Ora, Paulo diz que ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos seja anátema. Portanto o que está na Bíblia deve ser seguido, respeitado, ensinado, mas o ensino não bíblico deve ser rejeitado e expulso do nosso meio. É verdade que a prática evangélica principalmente entre os pentecostais, já tem demonstrado que essa questão não é matéria pacífica, mas o que nós evangélicos não podemos esquecer em nenhum momento é que a Doutrina é de caráter permanente, ou seja, verdades de Deus reveladas aos homens, imutáveis no tempo; já os costumes são transitórios, originados do homem e passíveis de mudanças, variando conforme o tempo, os lugares, etc.

Há anos atrás muitos crentes pentecostais foram punidos por possuírem rádio, por beberem coca-cola, por saírem de casa sem o paletó, sem chapéu, ou mesmo usar calça jeans, etc; pergunto: aonde foram parar essas doutrinas? Onde estão se provinham de Deus? E se eram de Deus, porque acabaram? E bem pior, se não eram de Deus porque passaram tantos anos excluindo nossos irmãos dos cultos, do convívio com os irmãos, da ceia do Senhor, e muitas vezes lançando-os de volta para o lamaçal de onde tinham saído? Creio que isso não passará em branco no julgamento divino, e certamente alguém irá responder por essas ações terríveis contra o povo que forma o corpo de Cristo aqui na Terra, tudo em nome de dogmas e tradições puramente humanas.
Paulo escrevendo aos Colossenses diz: se, pois estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do mundo, porque vos carregam ainda de ordenanças como vivêsseis ainda no mundo, tais como: não toquem, não provem, não manuseiem? As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas de homens; as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em devoção voluntária, humilde, e em disciplina do corpo, mas não são de valor algum senão para a satisfação da carne. Portanto, os líderes evangélicos portadores desses preceitos humanos, e que forçosamente procuram transmitir à igreja de Cristo, agem para satisfação do próprio "eu" são levados a julgar as pessoas segundo a aparência, e segundo o que acham que é certo ou errado, colocando sobre seus liderados fardos pesadíssimos levando muitos à queda e ao abandono da fé. Esquecem que o próprio Jesus disse que seu fardo é manso e suave, e deixando de lado esse ensino bíblico, podemos ver líderes arrogantes e orgulhosos de si mesmos usarem o púlpito da igreja em um domingo, em pleno culto evangelístico e insistentemente falarem sobre vestimentas, adereços, corte de cabelos, e até pedirem a confirmação dos presentes para seus atos legalistas. Se colocam como exemplo de fé, de pureza e santidade, de um passado exemplar, esquecendo que ali poderá haver dezenas de vidas ansiosas por palavras de salvação, por conhecerem a Jesus, mas insistem na pregação do "eu", sendo bem enquadrados nas palávras do apóstolo Paulo que diz que os que assim agem são presunçosos e nada sabem.
Amados, fiquemos atentos a essas pessoas que tem sede pelo poder, pessoas que claramente demonstram que sua motivação básica dentro do cristianismo é a exaltação própria; pessoas que forçam situações para aparecer em público, que exaltam a si mesmo a todo momento; pessoas que talvez pela falta de conhecimento bíblico só usam os púpitos para falarem sobre roupa, brinco, praia, cinema, bracelete, batom, perna ou axila de mulher, colar, etc, ou seja preocupação só com coisas externas; pessoas que ao invés de encorajar aos que sestão engajados dentro da liturgia do culto, enche-os de apreensões, temor, através de proibições, tais como: não bater palmas, não ficar em pé, não cumprimentar o irmão, e isso prova que o legalista agarra-se tanto a suas convicções que não chega a perceber o desagrado que causa aos presentes; pessoas que se oferecem como exemplo e referêncial a todo instante, como tendo um passado de pureza, baús de alta sabedoria, demonstração de alto grau de superioridade em relação aos outros, mais uma vez não percebem que o mal do legalismo os leva muito fácil ao campo da hipocrisia. Poderíamos citar tantas outras situações tão comuns a todos nós e que nos choca tanto, mas ficamos estáticos, pois muitas vezes partem de pessoas que exercem liderança, e diante da possibilidade de sermos mal entendidos nos calamos.
Povo santo, a preocupação de Jesus em seu ministério foi de fazer conhecida a vontade de Deus, realizando o plano da salvação. Jesus Cristo não estava preocupado em criar obstáculos ao crescimento do reino de Deus estabelecendo normas e costumes a serem seguidos pelos seus discípulos, pelo contrário, em MT 15:1-20, ele censura os fariseus que queriam com suas tradições invalidar a Palavra de Deus, através de seus legalismos. E a nós, cabe procurar entendermos que dando ouvidos a essas pessoas que trazem em suas mentes toneladas de dogmas e tradições, estamos fugindo da motivação e do padrão correto para vivermos o verdadeiro cristianismo. Que possamos fugir do ensino desses santarrões que não tendo uma palavra doutrinária para a igreja, vivem estabelecendo regras e padrões para a vida dos outros, enquanto eles mesmos não dão o exemplo em termos práticos de crentes sinceros. Que não sejamos coniventes com esses pseudo-líderes em esvaziar o cristianismo do seu valor espiritual, mas que possamos entender que andar com Cristo é andar em santidade, conformando nosso comportamento ao seu caráter pelo poder do seu Espírito para que ele e somente Ele seja glorificado. Que cada um de nós possa agir como os crentes de Beréia, que analisavam a mensagem que ouviam, que não sigamos a qualquer ensinamento simplesmente porque partiu de uma pessoa que se diz evangélica há 40 ou 50 anos, ou de alguém que exerça liderança, mas analisemos com muito cuidado a motivação desse ensino. E que sejamos vigias de nossas vidas para não cairmos no extremo do legalismo, vindo com isso a perdermos a beleza da simplicidade da fé, e a alegria de servirmos ao Senhor em Espírito e em verdade. Fujamos dessa carga miserável de costumes e dogmas, e dos transmissores dessa doença que pode invadir nossas vidas, e arruinar nossas igrejas, fujamos, com a serena convicção de que tudo isso só parte de pessoas orgulhosas e que nada sabem.
Que o Deus todo poderoso possa ter misericórdia do seu povo.
Pr. Ismael Félix Pereira.
Assembléia de Deus-Fortaleza/CE


terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Muito interessante!


Mensagempor Speed Robert » No site do Yeshua CHAI
Shalom!!!

Se quiserem me chamar de Evangélico...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de Cristão...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de "Crente"...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de Judeu...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de Judeu Messiânico...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de Fanático...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de Herege...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de "Maluco"...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar de Karaíta...Que me chamem!!!
Se quiserem me chamar do que quiserem...Que me chamem!!!

Meu compromisso não é com títulos supérfluos é com YAH no Seu Filho Y'shua HaMashyach!!!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Matéria especial. Revista VEJA. COMUNISMO

O país mais fechado (e estranho) do mundo


Especial

O país mais fechado (e estranho) do mundo

A reportagem de VEJA entrou na Coreia do Norte, onde não há celular nem internet, crianças de 5 anos recitam juras de vingança contra os Estados Unidos e é proibido dobrar jornais que trazem a foto do líder Kim Jong-Il


Thaís Oyama, de Pyongyang

"O PRESIDENTE ETERNO"
Em Pyongyang, norte-coreanos reverenciam a estátua de Kim Il-sung, pai do ditador Kim Jong-Il e o único morto a presidir um país

VEJA TAMBÉM
O presidente da Coreia do Norte não aparece em público há mais de quinze anos. Mesmo assim, os 23 milhões de habitantes do país enxergam seu rosto da hora em que acordam até a hora em que vão dormir. A imagem de Kim Il-sung, o "eterno presidente", pai do atual ditador Kim Jong-Il, está nos prédios, nos vagões de trem, nas estações de metrô e no broche que 100% da população de Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, carrega "voluntariamente" no peito. "Embora tenha falecido em 1994, o nosso presidente continua vivo em nosso coração", diz a guia que recebe a reportagem de VEJA no aeroporto de Pyongyang. Ter um presidente morto é só uma das extravagâncias que fazem da Coreia do Norte uma aberração planetária. O regime mais isolado do mundo sobreviveu à morte de seu fundador, à derrocada do comunismo e a uma gestão catastrófica que matou de fome quase 3 milhões de pessoas no fim dos anos 90. Hoje, seria apenas um fóssil grotesco não fosse o fato de seu líder estar sentado sobre a bomba atômica. Esta repórter visitou o país de Kim Jong-Il na condição de turista (a entrada de jornalistas só é permitida mediante autorização do governo, que nunca a concede), levada por uma agência de viagens chinesa juntamente com um grupo de dezenove estrangeiros. Os seis dias passados lá mostraram que, mais do que um picadeiro para as bizarrices de Kim Jong-Il, a Coreia do Norte é uma sociedade oprimida pela fome e controlada pelo medo – e isso nem mesmo a onipresente propaganda do regime consegue esconder.
A viagem aérea de Pequim a Pyong-yang leva uma hora e meia e é feita num Tupolev russo. A parte mais desconfortável é ter de equilibrar sobre as pernas uma edição do Pyongyang Times, distribuída aos passageiros, sem amassá-la nem deixá-la cair no chão. Não se trata de mania. Ainda na China e, novamente, antes do embarque, os organizadores da excursão alertaram os turistas para que não dobrassem jornais que estampassem a foto de Kim Jong-Il (caso da edição lida no avião e, pelo que se viu mais tarde, de todas as outras já rodadas no país), sob pena de "ofender gravemente" os norte-coreanos. A lista de atitudes proibidas incluía ainda falar com a população nas ruas, tirar fotografias sem permissão e perguntar aos guias nativos sobre questões como a saúde de Kim Jong-Il ou a existência de campos de concentração no país. Na chegada ao aeroporto de Pyongyang, o grupo foi obrigado a entregar os celulares e a submeter toda a bagagem a uma revista cuidadosa, destinada a evitar o ingresso de material ideologicamente suspeito. O que seria ideologicamente suspeito? Basicamente tudo. Os norte-coreanos não podem ler livros, jornais e revistas estrangeiros e, à exceção de uma reduzidíssima elite, não têm acesso à internet, celular nem a rádio ou canais de TV que não sejam os oficiais.
O QUE SE MOSTRA E O QUE SE ESCONDE
No espetáculo exibido aos turistas, meninos e meninas de menos de 6 anos de idade cantam músicas de louvor ao regime e juram vingança contra o "imperialismo americano". À direita, criança pede esmola em parque de diversões: essa a propaganda não mostra

Da janela do ônibus que leva o grupo ao hotel, a paisagem que se avista é de romance do inglês George Orwell, autor da distopia 1984: imensos pôsteres de propaganda comunista decoram as avenidas, hordas de soldados marcham nas ruas – parte das tropas entoa uma música que será ouvida à exaustão nos próximos dias, a Canção do General Kim Il-sung – e carros equipados com alto-falantes conclamam a população para o trabalho. A guia explica que o país está no penúltimo mês da "Campanha dos 150 Dias": a primeira etapa do esforço nacional destinado a fazer a Coreia do Norte crescer 20% até 2012, data em que o país celebrará os 100 anos do nascimento de Kim Il-sung. As outras atrações do percurso são a Universidade Kim Il-sung, o Estádio Kim Il-sung e a Praça Kim Il-sung, de onde é possível avistar, ao longe, a próxima parada: uma imensa estátua de bronze de Kim Il-sung, em cujos pés os recém-chegados são convidados a depositar flores. Onde quer que se olhe, lá está a imagem do presidente eterno em várias versões: sentado, com o olhar voltado para o futuro; caminhando, de mãos dadas com criancinhas; de peito empinado, entre um soldado, um camponês e alguém que carrega um livro (bingo, é o intelectual).
E onde está Kim Jong-Il, o filho?
Não demora para o visitante entender que o tirano norte-coreano, de cabelos espetados como os do cantor Chico César, é, entre os Kims, o menor. O "Querido Líder", como é chamado no país, é pouco mais do que o representante de seu pai na terra. O culto a Kim Il-sung – cujo nome não é jamais pronunciado sem um dos epítetos costumeiros: "Grande Líder", "Sol da Humanidade" ou "Inigualável Patriota" – deve-se principalmente ao fato de que, sob o seu reinado, a Coreia do Norte viveu os seus melhores dias, graças à mesada da então União Soviética. Até 1965, o PIB do país era três vezes o da Coreia do Sul e cada grão que brotava do solo era apresentado como um presente ofertado ao povo por Kim Il-sung. Quando cessou a ajuda dos camaradas russos e a grande fome do fim dos anos 90 devastou a Coreia do Norte, obrigando as embaixadas da vizinha China a instalar cercas de arame farpado para impedir que multidões de refugiados famintos pulassem os muros em busca de comida e asilo, o Grande Líder já desfrutava a paz dos mortos. Sobrou para o filho a ruína em que se transformou o país depois de décadas de isolamento e gestão calamitosa. O Chico César coreano não é exatamente um gênio da política e administração – sua opção preferencial é pelo investimento em armas nucleares. Resultado: hoje, o PIB da Coreia do Norte equivale a 3,1% do da Coreia do Sul (veja o quadro).
FANTASIA E REALIDADE
O outdoor com a maquete de um edifício inexistente ilustra a Pyongyang que a Coreia do Norte gostaria de ter; o bonde decrépito dos anos 70 revela a falta de infraestrutura da capital do país

A foto de Kim Jong-Il, ao lado da do pai, aparece pela primeira vez no hotel em que a reportagem se hospedou. O Yanggakdo, no centro de Pyongyang, tem 1 000 quartos e 47 andares. No fim da década de 80, quando a sua construção teve início, a inimiga Coreia do Sul havia começado a erguer em Cingapura o que seria um dos hotéis mais altos da Ásia. O Yanggakdo e o Ryugyong, esse último jamais terminado, vieram para mostrar que os norte-coreanos também eram capazes de fazer edifícios altos. Ainda que vazios. Na última semana do mês passado, dos 1.000 quartos, apenas quarenta estavam ocupados. No Yanggakdo, os telefonemas são monitorados, os fax recebidos são lidos antes de ser entregues ao hóspede e os cartões-postais enviados de lá podem ou não chegar ao destino, dependendo do seu conteúdo, conforme aviso dado pela agência de turismo chinesa. Antes de irem para os quartos, os turistas têm de entregar seu passaporte à guia norte-coreana, que ficará com ele até o fim da viagem.
Do alto do 38o andar, a visão que se tem de Pyongyang é a de uma bela cidade cercada de colinas. O Rio Taedong, margeado por árvores e parques, corre ao longo de boa parte da região central, o que faz com que, além de imaculadamente limpa, a cidade pareça fresca e verde. Pyongyang foi inteiramente reconstruída depois da Guerra da Coreia (1950-1953). Tem avenidas largas, monumentos grandiosos e nenhuma casa térrea, só prédios – monótonos, compactos, soviéticos. Nas avenidas centrais, as mulheres se vestem basicamente do mesmo jeito: saia azul e blusa branca, sempre com salto alto. Olhá-las caminhando nas calçadas provoca uma imediata sensação de estranhamento no recém-chegado – parece que falta alguma coisa na paisagem. E falta mesmo: além da ausência de lojas, os carros em circulação em Pyongyang são tão poucos que, entre a passagem de um e outro, seria possível comer um prato inteiro de kimchi – a apimentada conserva de acelga que é a base das refeições na Coreia do Norte. Mas nada supera o espanto causado pela visão das guardas de trânsito da capital. Postadas em pedestais instalados nos cruzamentos, elas mantêm uma frenética atividade de sinalização com a cabeça e os braços mesmo quando as ruas estão desertas – e elas sempre estão desertas. A explicação da guia para o comportamento é a seguinte: como, por muito tempo, os Estados Unidos impediram a Coreia do Norte de desenvolver seu programa de energia nuclear, o país passou a sofrer de um déficit crônico de eletricidade. Assim, as controladoras de tráfego atuam como semáforos humanos, já que o uso de similares eletrônicos seria um desperdício. E por que elas têm de gesticular sem parar mesmo quando não há um único carro na rua? A guia não sabe responder. Diz-se na Coreia do Norte que o Querido Líder em pessoa (também conhecido como "Inteligente Líder" ou "Respeitado Líder") é quem escolhe as belas guardas – dissimulados símbolos sexuais e heroínas de muitos dos filmes produzidos lá (Sentinela do Cruzamento, por exemplo, fala sobre "a dedicação ao trabalho e o terno amor das guardas pelo povo e também sobre a verdadeira supremacia do socialismo do nosso país", diz o texto que resume o enredo).
ELES ESTÃO DE OLHO EM VOCÊ
Passageiros norte-coreanos em vagão de trem com retratos de Kim Il-sung e Kim Jong-Il: pai e filho estão também nas estações de metrô, prédios e avenidas de Pyongyang

Já se disse que a Coreia do Norte é um lugar em que ninguém sorri. Um país cuja economia se encontra há quase quinze anos em estado de flagelo de fato não oferece motivos para riso. A cambaleante produção agrícola – que, mês sim, mês não, leva à interrupção do fornecimento das cotas de comida à população – e a fome crônica que já dura doze anos deixaram marcas visíveis nos norte-coreanos. Não nas moças que desfilam de salto alto pelas avenidas, mas nos passageiros que é possível espreitar no interior dos bondes decrépitos, fabricados na Checoslováquia dos anos 70, e nos camponeses, magros e encovados, que se veem na beira das estradas. Por causa da subnutrição, 64 anos depois da separação das Coreias, os comunistas do norte são, em média, 7 centímetros mais baixos do que os capitalistas do sul. A diferença fica clara na visita que o grupo faz à Zona Desmilitarizada, na cidade de Kaedong. A área é guardada por soldados norte e sul-coreanos, que chegam a ficar separados por apenas 50 centímetros de distância, a largura da faixa de concreto que delimita aquela fronteira entre as duas Coreias. Diante dos bem nutridos militares do sul – de ombros largos, capacetes, botas reluzentes e óculos escuros – é que se percebe quão esquálidos e pequenos são os famélicos soldados do norte, com seus uniformes rotos que dão a impressão de pertencer a seus irmãos mais velhos. Mas a aparente melancolia dos norte-coreanos não vem apenas do seu estômago vazio ou do justificado medo que eles têm de pisar fora da linha – e ir parar num dos seis campos de concentração do país, que abrigam estimados 150.000 prisioneiros políticos (veja ao lado o depoimento de uma ex-prisioneira de um campo de concentração norte-coreano). Há outro detalhe que ajuda a entender a aparente morbidez da população. A Coreia do Norte vive na escuridão – e não somente no sentido metafórico. Embora a cidade de Pyongyang, cartão de visita do país, seja poupada dos cortes diários de luz que atingem o resto do território, também lá o fornecimento de energia é precário. Pouco iluminados, museus, estações de metrô e vagões de trem ganham uma atmosfera lúgubre. Some-se a isso o hábito de as pessoas baixarem os olhos quando veem turistas (a curiosidade em relação ao mundo exterior é malvista pelo regime) e entende-se o motivo pelo qual todo norte-coreano parece profundamente infeliz aos olhos de um estrangeiro.
Na distopia totalitária de Kim Jong-Il, a população é dividida em três castas: a dos "leais", que compreende de 20% a 30% da população; a dos "neutros", em que se encaixam em torno de 60% dos norte-coreanos; e a dos "reacionários", ou "hostis" – que totaliza 10% ou 20% da população. É com base nessa classificação, com 56 subdivisões, que o governo define se uma pessoa pode ou não cursar a universidade, a quantidade de ração que vai receber e a ocupação que terá ao longo da vida. A família da guia da excursão, como a maioria das famílias autorizadas a morar na capital, pertence à casta privilegiada. A jovem estudou inglês e russo numa das melhores universidades de Pyongyang e já viajou para a China – prerrogativa rara, já que mesmo os moradores da capital têm de ter autorização para se deslocar de uma cidade para outra. Aos 29 anos de idade, bonita e inteligente, ela é uma autêntica representante da elite norte-coreana. Indagada se o fato de dois homens cami-nharem de mãos dadas nas ruas (como se vê vez ou outra em Pyongyang) significa que são homossexuais, ela, demonstrando genuíno espanto, negou. Depois, achando graça no desconhecimento da visitante, explicou: "No nosso país não há gays nem lésbicas".
FRONTEIRA
Os galpões azuis delimitam as duas Coreias. Postados entre eles, os magros soldados do norte

No penúltimo dia da excursão, a guia perguntou à repórter, que ela supunha ser uma turista, o que se falava no Brasil sobre a Coreia do Norte. Ouviu em resposta que as últimas notícias giravam em torno da realização de nova bateria de testes nucleares com mísseis de longo alcance e da suposta doença de Kim Jong-Il. Diante disso, a guia balançou tristemente a cabeça: "Não são mísseis, são satélites. E o nosso líder não está doente: goza de perfeita saúde. Vocês não deveriam acreditar em tudo o que dizem os Estados Unidos". Como reza a cartilha dos regimes totalitários, a Coreia do Norte elegeu seu Inimigo Número Um e faz dele uma presença tão constante no imaginário popular quanto o rosto do Inigualável Patriota nas ruas. O ódio ao inimigo não aparece apenas no Museu da Vitoriosa Guerra da Liberação da Pátria, onde uma soldada-guia exibe com orgulho pilhas de botas de combatentes americanos mortos na Guerra da Coreia. No parque de diversões que o grupo visitou, a versão norte-coreana do tiro ao alvo era um painel com a pintura de três soldados americanos em chamas. A brincadeira, da qual participavam adultos e crianças, consistia em acertar pedras nos buracos cavados na altura do peito de cada um. Em outro programa da excursão, os turistas foram convidados a assistir a um show em que crianças de 5 a 6 anos de idade cantavam, dançavam e tocavam instrumentos com perfeição. Os números incluíam um minicantor que, maquiado, levantava o punho enquanto jurava vingança contra "os imperialistas americanos" e uma minicantora e dançarina que descrevia entre bailados a felicidade que sentia pelo fato de os pais terem cumprido sua cota na Campanha dos 150 Dias e contribuído, assim, para o engrandecimento da pátria socialista. Para se apresentarem aos turistas, as crianças treinaram três horas diárias durante um ano e meio, informaram as professoras.
Segundo o hiperativo serviço de inteligência da Coreia do Sul, Kim Jong-Il está gravemente doente. Sua pouco revolucionária pança – abastecida por sushis e sopa de barbatana de tubarão, suas iguarias preferidas, conforme entregou ao mundo um de seus ex-chefs – hoje parece tão murcha quanto seu outrora eriçado topete. Se a informação for verdadeira, a Coreia do Norte terá em breve uma chance de sair da escuridão. A morte de Kim Jong-Il pode começar a pôr fim ao totalitarismo mais eficiente do mundo. O desconhecido Kim Jong-un, filho caçula de Kim Jong-Il, não seria capaz de manter, acreditam especialistas, o regime e seus dois principais pilares: o culto à personalidade dos Kims e o isolamento do país.
BELAS E INÚTEIS
Escolhidas pessoalmente por Kim Jong-Il, segundo se diz, as controladoras de trânsito mantêm sua coreografia mesmo quando as ruas estão vazias, o que é frequente em Pyongyang

Esse isolamento já começa a apresentar fendas. Indício disso seriam recentes movimentos de Kim Jong-Il – como a libertação das jornalistas americanas capturadas em março, com a intercessão do ex-presidente Bill Clinton, e a autorização para a entrada de turistas sul-coreanos em território nacional, dada na semana passada. Outro sinal seria o surgimento de uma classe de comerciantes no país. Estima-se que já existam na Coreia do Norte mais de 300 pequenos e grandes mercados de produtos contrabandeados – roupas, alimentos e mercadorias provenientes da China. O governo faz vista grossa para o negócio, já que parte do lucro acaba revertendo para ele em forma de suborno. "Assim como aconteceu na antiga União Soviética, o aparecimento de uma elite econômica, paralela à elite política, sinaliza o enfraquecimento do regime", acredita o professor sul-coreano Ji-sue Lee, da Universidade Myongji, em Seul.
Ao fim da excursão, a volta do grupo para a China é feita de trem. Na fronteira, soldados do Exército do Povo Coreano entram nos vagões para uma revista que dura quase quatro horas. Todos os passageiros têm suas malas e câmeras fotográficas vasculhadas. Soldados olham foto por foto e, sem cerimônia, apagam as imagens que não lhes agradam – em geral, cenas de pobreza em Pyongyang. Uma das soldadas para, maravilhada, diante de uma turista obesa, sentada em uma das cabines. Gesticula e chama um colega, que fita a mulher com igual admiração. Os dois sorriem para ela e balançam afirmativamente a cabeça, como que a cumprimentando pela boa fortuna – no país em que tantos perecem de fome, ser gordo é ser feliz.
AFP
BILL E KIM
Bill Clinton posa ao lado de Kim Jong-Il pouco antes da libertação das jornalistas americanas. O líder norte-coreano estaria gravemente doente

Pouco antes de embarcar no trem, esta repórter havia procurado a guia para relatar-lhe um "problema". Contou-lhe que, cumprindo a determinação recebida, havia levado com cuidado para o hotel a edição do Pyongyang Times com a foto de Kim Jong-Il. Que, durante os seis dias da excursão, manteve o jornal perfeitamente esticado sobre a penteadeira. Que, no momento de fazer as malas, achou por bem não levar o jornal e, assim... A guia acompanhou o relato arregalando progressivamente os olhos amendoados, a ponto de virarem uma perfeita circunferência. Ao final, quando soube que o jornal havia sido deixado intacto sobre a penteadeira do quarto, suspirou aliviada: "Pensei que você o tivesse jogado no lixo". Esta repórter achou graça na reação da jovem, mas o que havia visto nos seus olhos segundos antes era algo próximo do terror. A Coreia do Norte pode ser um circo, mas, para os participantes compulsórios desse espetáculo, ele está longe de ser divertido.
UM DESERTO DE CONCRETO
Com o traje que é quase um uniforme das norte-coreanas, blusa branca e saia azul, mulher conversa com amiga em meio a uma avenida vazia em Pyongyang

"Fiquei dois meses num campo de concentração"


"Resolvi fugir da Coreia do Norte depois de ver minha neta de 6 anos morrer de fome, em 1998. Fui presa nas duas primeiras tentativas. Da segunda vez, fui mandada para Chongjin (campo de concentração no norte do país), onde fiquei por dois meses. Tive sorte de sobreviver. A comida que eles dão aos prisioneiros não serve nem para os porcos: é uma mistura de água com cascas de grãos mofadas ou podres. Os guardas são treinados para nos tratar como insetos. Vi-os chutar com suas botinas a barriga de uma jovem grávida capturada na China. Gritavam que ela carregava o filho de um chinês no ventre. O bebê nasceu e eles o deixaram chorando num canto até que morresse. Escapei porque adoeci gravemente e meu irmão subornou guardas para que dissessem que eu havia morrido. Moro em Seul há oito anos. Na Coreia do Norte, eles dizem que a sociedade daqui é doente e decadente e que lá é o paraíso dos trabalhadores. Como eles podem enganar as pessoas assim?"
Jong Bok Soon, de 63 anos

"Há os que fogem e depois voltam.
Acho que essas pessoas são loucas"


"Eu era criança e estava visitando a fábrica em que meu pai trabalhava. Peguei um graveto e escrevi no chão de areia: ‘Kim Il-sung’. O chefe do meu pai viu e ficou furioso: ‘Como você escreve o nome do Grande Líder no chão?’. Tive medo e comecei a esfregar os pés na areia para desmanchar o que havia escrito. Isso o deixou ainda mais furioso: eu não devia estar usando os meus pés para apagar aquele nome. Lembro do meu pai se ajoelhando diante do chefe e implorando para que não me denunciasse. Consegui fugir de lá há sete anos. Sei de pessoas que escapam da Coreia do Norte e voltam, dizendo-se decepcionadas. Isso acontece porque a imagem que elas têm da Coreia do Sul é aquela que veem nas novelas contrabandeadas, em que todos são ricos. Quando chegam, percebem que é preciso encontrar emprego, um lugar para morar e, aí, resolvem voltar. Eu acho que essas pessoas são loucas."
Oh Sun Hwan (nome fictício), de 32 anos

"Não tinha nenhum sonho, não vim
atrás de liberdade. Fugi para sobreviver"


"Em 1999, eu, minha mãe e meu irmão fugimos para a China. Minha mãe se casou com um chinês e nós moramos com ele por três anos, até que vizinhos nos denunciaram, a polícia apareceu no meio da noite e fomos mandados de volta para a Coreia do Norte. Pouco depois, conseguimos fugir novamente e chegar a Seul. Não tinha nenhum sonho, não vim em busca de liberdade – só queria sobreviver. Entre 1997 e 1998, minha avó, meu avô e meu pai morreram de fome. Atualmente, estudo psicologia na Universidade Sogang. No começo, eu me sentia incomodada ao ouvir colegas se referirem de maneira desrespeitosa a Kim Il-sung e a Kim Jong-Il. Também ficava confusa quando diziam que muita coisa do que eu havia aprendido lá não era verdade. Hoje, não tenho mais tanto respeito por Kim Jong-Il. Mas continuo admirando Kim Il-sung. Ele é como se fosse o nosso pai."
Keum Ju (nome fictício), de 24 anos

"Passei trinta anos sequestrado na Coreia do Norte


"Eu cresci na Coreia do Sul e sobrevivi a duas guerras: lutei na da Coreia e na do Vietnã, ao lado dos americanos. Quando voltei do Vietnã, em 1975, no meu primeiro dia de trabalho num barco pesqueiro, fui sequestrado por norte-coreanos com outros 32 homens. Fiquei trinta anos naquele país. Eles usam os sequestrados para fazer propaganda do regime: somos apresentados como se tivéssemos deixado a Coreia do Sul voluntariamente. Em 2005, meus irmãos conseguiram subornar um traficante para me trazer de volta. O traficante disse que traria também minha família – eu constituí uma na Coreia do Norte –, mas nunca cumpriu a promessa. Soube depois que, por causa de minha fuga, minha mulher e meus filhos foram mandados para um campo de concentração. Nunca mais tive notícias deles."
Goh Myong Seop, de 65 anos

 

domingo, 18 de dezembro de 2011

Entre a fé e a ciência

Dr. Yitschak Block


Alguns rabinos acham que, se pudessem provar a existência de D'us, o trabalho deles seria muito mais simples. Na verdade, deveriam agradecer, pois se pudessem provar Sua existência, teriam provado que o judaísmo é falso, o que comprometeria seriamente sua carreira.

O que é prova? Há dois tipos de prova que são reconhecidos na ciência e na filosofia. Uma é chamada "dedutiva" e a outra, "indutiva." A prova dedutiva é usada na matemática e lógica formal, ao passo que a prova indutiva é utilizada para influenciar nosso conhecimento sobre o mundo.
Prova dedutiva é uma conclusão que segue duas premissas que são dadas como verdadeiras. Nada tem a ver se as premissas em si são verdadeiras. O que é importante é que as premissas são aceitas como verdadeiras. Segue-se então uma conclusão lógica. A prova dedutiva não requer nenhum sofisticado equipamento de laboratório ou observações do mundo. Tudo que se precisa fazer é pensar. Por exemplo, se é verdadeiro que toda vez que há nuvens sempre choverá, e se hoje é um dia nublado, então necessariamente choverá hoje.
A prova indutiva exige observações para provar a verdade de certas crenças sobre o mundo. Por exemplo, se você achar que vai chover amanhã, a prova indutiva desta previsão do tempo é a chuva que cai amanhã, e que você pode ver com seus próprios olhos. Similarmente, a Teoria Geral da Relatividade de Einstein, que foi proposta em 1916, não se provou verdadeira até 1919, quando uma das previsões de sua teoria foi observada pela primeira vez.
À luz desses princípios, para provar cientificamente qualquer coisa, esta deve ser uma proposição ou fórmula que use a lógica dedutiva, ou uma declaração sobre o mundo que possa ser provada por algo que se possa ver, ouvir ou tocar, usando a lógica indutiva.
No judaísmo, D'us não é nem uma proposição de matemática ou lógica, ou um fato que você possa ver com seus olhos ou sentir com as mãos. D'us não é um fato sobre o mundo; Ele está além do mundo. Portanto, se você pudesse provar D'us, teria provado que o judaísmo é falso. Se você adora algo que pode ver ou tocar, não está rezando para D'us, mas para um ídolo.
Como não há forma científica de provar a existência de D'us, poder-se-ia concluir que a crença em D'us é irracional. Na verdade, a maioria de nossas crenças fundamentais sobre o mundo não são passíveis de provar, dedutivamente ou indutivamente, mas são consideradas racionais. Por exemplo, o "princípio de indução," que o futuro seguirá ao longo das mesmas linhas que o passado, e o "princípio da razão suficiente," de que toda cadeia de eventos tem uma causa, não são passíveis de prova pela lógica ou pela evidência empírica. Apesar disso, se eu negasse qualquer um destes princípios, todos que lêem isto considerar-me-iam irracional.
Aqueles que insistem em provar D'us estão insistindo em algo que ninguém pode fazer. Portanto, nossos rabinos podem manter seus empregos, porque segundo o judaísmo, D'us infinito não pode ser encerrado em uma fórmula matemática ou detectado por nossos sentidos físicos.
Houve certa vez uma menina prodígio que dominava a matemática desde tenra idade. Os pais viam nela um grande potencial, e contrataram um tutor. Ela aprendeu matemática avançada, mas ainda desejava mais. Disse ao tutor: "Gostaria de aprender geometria. Ouvi dizer que se pode provar coisas." O tutor começou a ensinar-lhe os rudimentos. "Espere," disse a menina, "não quero apenas aprender como três linhas formam um triângulo, desejo provar isso." O tutor replicou: "Posso somente ensinar a você os princípios. Baseada neles, você pode provar algo. Mas não pode provar os princípios básicos; eles são porque são."

Extraído do chabad.org 


Dr. Block recebeu seu PH.D. em filosofia na Universidade de Harvard. É uma das mais destacadas autoridades em Filosofia Aristoteliana, e é professor emérito na Universidade de Western Ontario, onde ensinou por 36 anos.
 

 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

governo ainda dá uma medalha a Pimentel! É verdade, não metáfora!

Na Folha:
O governo federal ofereceu ontem a Medalha Ordem do Mérito da Defesa a 270 personalidades e oito instituições que tenham desempenhado com distinção suas atividades e contribuíram com a defesa do país.
Entre os agraciados está o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), alvo de suspeitas de tráfico de influência por conta da atividade de sua consultoria.
Também recebeu a comenda o presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Robson Andrade, que contratou a consultoria de Pimentel quando estava à frente da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais).
O ministro está em viagem ao exterior e o presidente da confederação não compareceu ao evento.
CRITÉRIOS
Segundo a divulgação do Ministério da Defesa, os agraciados são personalidades que tenham se “distinguido no exercício da profissão, além de organizações militares e instituições civis que também tenham prestado relevantes serviços ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas no desempenho de suas missões constitucionais”.
A presidente Dilma esteve presente no evento, mas não discursou. Apenas uma mensagem sua foi lida parabenizando os agraciados por suas atividades “meritórias em defesa da pátria”.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Pior a emenda que o soneto - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 04/12/11


Num desses casos típicos em que a emenda sai pior do que o soneto, o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo, meteu os pés pelas mãos ao tentar minimizar a importância da revelação feita pela Folha de S.Paulo, de que o ministro Carlos Lupi, de 2000 a 2006, na condição de assessor técnico do gabinete da liderança do PDT na Câmara dos Deputados, não dava expediente regular em Brasília, dedicando-se apenas ao trabalho partidário, principalmente no Rio de Janeiro, onde morava. Ou seja: Lupi passou seis anos recebendo dos cofres públicos para cuidar exclusivamente dos interesses do partido de que hoje é presidente licenciado. Para Vaccarezza, isso é perfeitamente normal, porque a maior parte dos funcionários dos gabinetes dos deputados jamais aparece em Brasília, já que trabalham nos escritórios políticos nos Estados.

"A maioria (dos funcionários dos gabinetes) jamais pisou na Câmara. Porque a maioria dos funcionários dos deputados fica nos Estados", explicou candidamente o deputado Vaccarezza. E emendou: "Quem prova que Lupi nunca apareceu para trabalhar? Por que o Lupi é fantasma? Porque existe uma campanha contra ele". Certamente se referia ao "denuncismo" orquestrado pelos inimigos do povo, que já obrigou Dilma Rousseff a demitir cinco ministros envolvidos em negócios mal explicados.

O homem que lidera a bancada governista na Câmara dos deputados devia saber que existe uma enorme diferença entre funcionário público, que trabalha para o governo e por ele é pago, e funcionário de partido político, entidade privada que, por isso mesmo, precisa assumir, ela própria, os salários de seus colaboradores. E para sua subsistência contam as agremiações com os recursos do Fundo Partidário, que pode ser usado nos casos claramente definidos pela lei. O que não pode é funcionário de legenda partidária receber diretamente dos cofres públicos, como era o caso de Carlos Lupi quando exercia cargo de natureza especial (CNE) no Parlamento.

Atualmente, o Regimento Interno da Câmara estabelece expressamente que assessores CNE são obrigados a dar expediente na Casa. Foi uma medida moralizadora adotada durante a gestão de Aldo Rebelo na presidência, entre 2005 e 2007. "No caso do Lupi", afirmou Vaccarezza, "temos que ver se a lei lhe dava permissão para trabalhar no Rio de Janeiro". Ou seja, o próprio líder do governo não tem certeza sobre a situação do ministro quando era funcionário CNE, mas não teve o menor constrangimento em garantir que o ocorrido "é correto e legal, não tem nenhum absurdo nisso". Já o presidente da Casa foi mais cauteloso, explicando que será aberta sindicância para apurar os fatos: "Se for constatada irregularidade, a Câmara pode pedir ressarcimento dos pagamentos feitos". Ver para crer.

O mais extraordinário, no caso de um parlamentar, com a responsabilidade de ser líder do governo, convalidar irregularidades no trato da coisa pública, é que ele está falando a mais absoluta verdade. De fato, boa parte, talvez a maioria, dos funcionários alocados nos gabinetes parlamentares - isso vale também para o Senado Federal - "jamais pisou" no Distrito Federal. Seus chefes garantirão, se questionados, que esses servidores permanecem nos Estados cuidando de questões relacionadas com as atividades legislativas; lá estão para dar atenção aos cidadãos e encaminhar seus pleitos a seu representante no Parlamento; que cumprem a generosa e patriótica missão de multiplicar a capacidade de atendimento do deputado que, por ser um só, não consegue estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas a descrição acima corresponde às típicas tarefas de um cabo eleitoral.

Embora não se possa descartar a possibilidade de que um ou outro abnegado funcionário dos gabinetes parlamentares de Brasília esteja em seu próprio Estado fazendo apenas o que é certo de acordo com a lei e os bons costumes, seria ingênuo supor que a maioria não é constituída de cabos eleitorais, pelos quais pagamos todos nós. E há ainda outra explicação para a existência de funcionários fantasmas da Câmara dos Deputados espalhados por todo o País: nepotismo ou compadrio. Mas, justiça seja feita, de nepotismo, até o momento, o ministro Lupi ainda não foi acusado.

O que a foto de Dilma sugere, revela e esconde


O que a foto de Dilma sugere, revela e esconde

Como disse Voltaire, o segredo de aborrecer é dizer tudo. Então vamos lá.
foto-dilma-depoimento-justica-militarA foto acima circulou bastante na Internet ontem. Vemos ali Dilma Rousseff, aos 22 anos, em novembro de 1970, quando depunha numa auditoria militar, no Rio. A imagem está no livro “A Vida quer coragem”, de Ricardo Amaral, que foi assessor da Casa Civil quando Dilma era ministra. Ele trabalhou depois na campanha eleitoral da então candidata do PT à Presidência. A petezada está excitadíssima — uma estranha e mórbida excitação, acho eu. Já falo a respeito. Antes, algumas considerações.
A hagiografia lulística exalta o nordestino tangido pela seca, o menino pobre, depois operário e sindicalista, que venceu todas as vicissitudes do destino — sua mãe nasceu analfabeta; fosse rica, já viria à luz citando Schopenhauer — até se tornar presidente da República e inventar o Brasil. Antes dele, eram trevas. Em palanque, o homem já chegou a se comparar a Cristo. O analfabetismo de nascimento de Dona Lindu é, então, uma espécie de metáfora da virgindade de Maria. Dilma, cuja família era rica, tem de ser santificada por outro caminho. Em tempos de instalação de uma “Comissão da Verdade” — que será a verdade dos que perderam a luta, mas ganharam a guerra de versões , é preciso ressuscitar a têmpera da heroína. Os grupos a que ela pertenceu praticavam, na verdade, ações terroristas. E daí? Isso não vai interessar à tal comissão.
Segundo se informa, Dilma havia sido torturada durante 22 dias antes de ser apresentada ao tribunal. Não vou pôr isso em dúvida. É coisa séria demais! Noto apenas que alguém que se deixa torturar pela lógica se vê obrigado a indagar por que os trogloditas que a seviciaram interromperam o serviço sujo para dar curso ao aspecto legal e formal da prisão. Adiante. O fato é que a imagem reúne um coquetel de clichês que serve à hagiografia dilmista.
Vemos ali uma mocinha magriça, bonita, cabelo meio à la garçonne, socialista por dentro (mas isso não se vê, só se sabe) e existencialista por fora. Embora, consta, ela desse aula de marxismo para a sua turma e cuidasse de parte das finanças da VAR-Palmares, há a sugestão de uma intensa vida interior, mais para “A Náusea”, de Sartre, do que para a literatura leninista. Olha para o vazio, com uma firmeza triste. Atrás dela, fora do foco, militares devidamente fardados consultam papéis. As mãos escondem o rosto. O contraste resta óbvio: na narrativa fantasiosa, a vítima, de cara limpa, estaria enfrentando seus algozes, que tentariam se esconder da história. A justiça, firme e frágil, contra os brutamontes acovardados. Davi contra Golias. O Bem contra o Mal. A democracia contra a ditadura. O título do livro não deixa dúvida sobre o desfecho: “A Vida quer coragem”.
Em tempos de “Comissão da Verdade”, essa é a grande falácia alimentada por esse coquetel de clichês. Não eram democratas os militares que estavam no poder. Tampouco eram democratas aqueles que tentavam derrubar os militares do poder. Os poderosos de então tinham dado um golpe de estado. Os atentados terroristas não buscavam derrubá-los para instituir, então, um regime democrático no país. Os ditos “revolucionários” queriam também uma ditadura, só que a socialista.
Morreram 424 pessoas combatendo o regime militar — algumas delas com armas na mão, trocando tiros com as forças de segurança ou tentando articular as guerrilhas. Outras foram assassinadas depois de rendidas pelo Estado, o que é um absurdo. Os grupos de esquerda no Brasil, não obstante, embora com um contingente muito menor e muito menos armados do que o estado repressor, mataram 119! E, como é sabido, ninguém acende velas para esses cadáveres porque não têm o pedigree esquerdista. Contam-se nos dedos os “mortos pela ditadura” que não estavam efetivamente envolvidos com a “luta” para derrubar o regime. Não estou justificando nada. Apenas destaco, até em reconhecimento à sua própria coragem, que elas sabiam, a exemplo de Dilma, o risco que corriam. Já a esmagadora maioria dos indivíduos assassinados pelos grupos de esquerda — sim, também pelos grupos de Dilma — eram pessoas que nada tinham a ver com a “luta”, nem de um lado nem de outro: apenas estavam no lugar errado na hora errada: comerciantes, transeuntes, taxistas, correntistas de banco, guardas…
Apelando à pura lógica, isso é uma indicação do que teria acontecido se os movimentos ditos revolucionários tivessem realmente conseguido se armar para valer, atraindo milhares de brasileiros para a sua aventura. Teria sido uma carnificina, como é, ou foi, a história do comunismo. Dada a brutal diferença de aparato, fôssemos criar um “Índice de Letalidade” das esquerdas armadas e das forças do regime, elas ganhariam de muito longe. No campeonato na morte, as esquerdas são sempre invencíveis. É inútil competir.
Esses são fatos que a foto esconde. A luta dos democratas — não a dos partidários de ditaduras — nos restituiu um regime de liberdades públicas e respeito ao estado de direito. Felizmente, Dilma sobreviveu e é hoje umas das beneficiárias, em certa medida, de sua própria derrota, já que é a democracia que a conduziu ao posto máximo do país.  Este garoto, no entanto, não teve igual sorte.
mariokozelfilho11Trata-se de Mário Kozel Filho, que morreu num atentado praticado pela VPR no dia 28 de junho de 1968. A organização terrorista lançou um carro sem motorista contra o QG do II Exército, em São Paulo. Os soldados que estavam na guarda dispararam contra o veículo, que parou no muro. Kozel foi em sua direção para ver o que tinha acontecido. O carro estava carregado com presumíveis 50 quilos de dinamite. A explosão fez em pedaços o corpo do garoto, que tinha 18 anos. Treze meses depois, a VPR se fundiu com o Colina, o grupo a que pertencia Dilma, e surgiu a VAR-Palmares. Os assassinos de Kozel foram, pois, companheiros de utopia daquela moça que lembra uma musa existencialista na foto que agora serve à hagiografia.
Este homem também não teve a mesma sorte de Dilma.
capitao-alberto-mendes-juniorTrata-se do capitão da PM Alberto Mendes Júnior, assassinado por Carlos Lamarca e seus comparsas da VPR no dia 10 de maio de 1970. Àquela altura, o grupo já havia se separado da VAR-Palmares. Mendes havia sido feito prisioneiro do grupo. Como julgassem que ele estava atrapalhando a fuga, um “tribunal revolucionário” decretou a sua morte. Teve o crânio esmagado com a coronha de um fuzil. Dia desses, vi um ator na televisão exaltando a “dimensão da figura histórica de Lamarca”. Entenderam???
Caminhando para a conclusão
Alguns bobalhões — os que me detestam, mas não vivem sem mim — enviaram-me vários links com a foto de Dilma, fazendo indagações mais ou menos como esta: “E aí? Quero ver o que você vai dizer agora”. Pois é… Já disse! Alguns preferem ficar com as ilusões que a imagem inspira. Eu prefiro revelar os fatos que ela esconde.
A presidente Dilma Rousseff — que se fez presidente justamente porque as utopias daquela mocinha frágil, felizmente, não se cumpriram — assinou anteontem a carta da tal Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribenhos (Celac). Trata-se apenas de uma iniciativa para dar voz a delinqüentes como Raúl Castro, Hugo Chávez, Rafael Correa, Daniel Ortega e Evo Morales. A carta democrática não toca em eleições e imprensa livre porque isso feriria as susceptibilidades desses “democratas diferenciados”. Na cerimônia, o orelhudo Daniel Ortega identificou um grande mal na América Latina: A IMPRENSA.
De certo modo, Dilma assinou aquela carta com os olhos voltados para o passado. E ela só é presidente porque os democratas lhe deram um futuro.
Por Reinaldo Azevedo

sábado, 3 de dezembro de 2011

E não comunicou o novo endereço...

Estabelecerão um tribunal de exceção. Arbitrariamente e à margem do ordenamento jurídico, submeterão pessoas a linchamento moral (pena de exposição pública, sem julgamento formal nem direito de defesa)

Desconfio até do nome. Comissão da Verdade? Que coisa mais incompatível com um governo recheado de mentirosos públicos. Desde quando, senhores, a verdade se tornou instrumento da política? Talvez não exista nessa atividade algo tão seviciado e tão fracionado em metades e quartas partes. Eleitoralmente, a mentira funciona muito melhor do que a verdade.

A ideia de formar uma comissão de sete pessoas (essa conta só pode ser ato falho) designadas por uma oitava diretamente interessada nos rumos do trabalho contraria elementares princípios metodológicos. Ademais, se para escolher seus ministros, supostamente um colegiado sobre o qual incidem exigências superiores, a presidente andou na escuridão, quem lhe entregará uma boa lanterna para designar essa versão tupiniquim dos sete sábios da Grécia? Pois é. Mas o Congresso Nacional julgou tudo muito bem pensado e aprovou sem pestanejar, com os votos do governo e muitos - valha-nos Deus! - da oposição. De fato, a racionalidade foi embora e não comunicou o novo endereço.
Não estou dizendo que seja desnecessário ou inconveniente esclarecer a situação de mortos e desaparecidos. Há famílias interessadas em tais respostas e é justo buscá-las. Mas essa questão, profundamente humana, é apenas marginal nas motivações. O que queriam mesmo, desde que se tornaram hegemônicos, era acabar com a anistia e levar a julgamento seus inimigos de então. Como o STF não deixou, criaram o próprio tribunal e, cautelosamente, reservaram a seus crimes solene indulgência plenária: "Nós fora! Lutávamos pela democracia!". Haverá quem acredite? Não só não eram democratas como escarneciam de quem fosse. Por outro lado, as lições de pensadores como Aristóteles, Tomás de Aquino e Francisco de Vitória sobre o direito de resistência à tirania em nada os socorrem. Faltava-lhes condição essencial de legitimidade, representada pela luta por uma causa nobre. A causa deles, financiados e treinados pelo comunismo internacional, não tinha nobreza alguma. Mundo afora, produzia vítimas aos milhões. Era radicalmente totalitária. O povo, por isso, jamais os apoiou. É preciso ter perdido o senso de realidade para afirmar diferente. Moviam-se pelo mesmo ódio que inspirava Che Guevara, guerrilheiro modelo, quando discorria sobre o "ódio como fator de luta" para transformar o militante em "fria máquina de matar". O mesmo que ensinava Marighella, o venerado camarada, em seu manualzinho do guerrilheiro urbano. A anistia, com seus efeitos jurídicos e políticos, seguiu um princípio ético e político superior - o princípio do perdão. E lhes franqueou o poder. Mas quem assume o ódio como categoria do seu ser político não consegue operar sem ele.
A comissão é filha desse sentimento. Longe de mim, que fique claro, proteger torturadores de direita ou guerrilheiros e terroristas de esquerda. Suas maldades os credenciam a cantos bem quentes do inferno. O objetivo dessa comissão, já bem verbalizado, é um acerto unilateral de contas. Não reconheceriam a verdade nem se trombassem com ela, nua e crua, numa tarde ensolarada. Mas a definirão em reunião caseira, tomando chimarrão. Estabelecerão um tribunal de exceção. Arbitrariamente e à margem do ordenamento jurídico, submeterão pessoas a linchamento moral (pena de exposição pública, sem julgamento formal nem direito de defesa). O que fará o Poder Judiciário ante uma zorra dessas?
Para concluir. Merece pouco crédito o apreço por direitos humanos de quem, periodicamente, vai a Cuba soluçar nostalgias no cangote de Fidel Castro. Aliás, se em vez de brasileiros fossem cubanos e criassem, por lá, uma comissão da verdade, iriam investigar sabem o quê? Os crimes de Fulgêncio Batista...


Publicado no jornal Zero Hora.

Justiça condena Caio Fábio por falsificar documentos para ajudar o PT

Caio Fbio
Lula confirmou que teve um encontro com Caio Fábio para conversar sobre o dossiê. Ele disse que, posteriormente, Thomaz Bastos, então advogado da campanha eleitoral do PT, examinou o dossiê, constatando que se tratava de uma fraude. Por isso, segundo Lula, o PT recusou a proposta de compra dos documentos.

A Justiça Eleitoral condenou por calúnia o ex-pastor Caio Fábio D’Araújo Filho (foto), 56, a quatro anos de prisão por ter ajudado a elaborar e distribuir documentos falsos para incriminar a cúpula do PSDB na disputa eleitoral de 1998 contra o PT. Caio, que estava muito próximo de Lula na época, esperava ajudar o PT.
O ex-pastor, que é considerado um guru por blogs sensacionalistas como o Genizah, vai recorrer em liberdade da condenação. Ele nega que tenha sido um dos responsáveis pelo “dossiê Cayman”, como o caso ficou famoso na imprensa. “Não estou nem um pouco preocupado com isso [a condenação]”, disse. “Tenho a consciência absolutamente tranquila.”
A decisão da Justiça teve como base o depoimento de testemunhas e investigações da Polícia Federal do Brasil, da qual participou também o FBI, a polícia federal norte-americana.
Pelas investigações, os documentos que Caio Fábio ajudou a falsificar acusavam que Fernando Henrique Cardoso, na época disputando a presidência do Brasil contra Lula, e Mário Covas, que estava em igual disputa contra o PT para o governo do Estado de São Paulo, tinham no paraíso fiscal das ilhas Cayman (Caribe) US$ 368 milhões (R$ 628 milhões).
Esse dinheiro, pelas informações falsificadas do ex-pastor, teria sido pago como propina por empresários supostamente beneficiados com a privatização do setor de telecomunicações.
De acordo com as investigações, os outros acusados pela fraude são empresários cujo objetivo, na época, era “fabricar” a documentação para vendê-la ao PT. Esses empresários e Caio Fábio teriam produzido a documentação em Miami. Até agora, o ex-pastor presbiteriano é o único condenado.
No inquérito, consta depoimento de políticos que na época tiveram acesso à cópia do dossiê, entre eles Luis Inácio Lula da Silva, José Dirceu, Paulo Maluf, Ciro Gomes, Marta Suplicy e Leonel Brizola.
Lula confirmou que teve um encontro com Caio Fábio para conversar sobre o dossiê. Ele disse que, posteriormente, Thomaz Bastos, então advogado da campanha eleitoral do PT, examinou o dossiê, constatando que se tratava de uma fraude. Por isso, segundo Lula, o PT recusou a proposta de compra dos documentos.
Caio Fábio teria oferecido o dossiê ao PT pelo preço de US$ 1,5 milhão (R$ 2,5 milhões). Na época, ele era um pastor de prestígio entre os políticos de esquerda, tendo grande acesso a eles nos bastidores.
Com o caso Cayman, que expôs publicamente suas atividades políticas oportunistas nos bastidores, Caio Fábio caiu em desgraça. Essa foi sua queda política. Quase na mesma época, descobriu-se que ele estava em adultério com a secretária durante anos. Esses escândalos somados o levaram a ficar deprimido, a emagrecer 25 quilos (pesava 119) e a acumular uma infinidade de dividas. Nesse tempo, ele era da Igreja Presbiteriana, da qual foi afastado por causa de seu caso extraconjugal. Para se recuperar financeiramente, fundou a Igreja Caminho da Graça e passa o tempo hoje criticando toda e qualquer liderança evangélica, mas perdeu o estrelato que tinha na década de 1990.
Em 1994, durante seu apogeu, seu programa de TV, “Pare & Pense”, foi o primeiro programa evangélico de TV a se envolver diretamente no processo eleitoral presidencial, tendo, juntamente com Valnice Milhomens, apresentado o candidato Lula.
Embora o dossiê Cayman tenha fracassado em seus intentos, a estratégia de Caio Fábio, ao trazer Lula para o “Pare & Pense”, teve resultado oposto entre os evangélicos com relação a Lula e ao PT. Só anos mais tarde Caio confessou:
Aproximei Lula dos evangélicos, os quais, durante anos, o chamavam de ‘diabo’. Muitas foram as oportunidades que criei para que ele tivesse a chance de se deixar perceber pela igreja”.
Hoje, Caio contenta-se em ser a estrela de blogs chamados “apologéticos” como o Genizah.
A condenação de Caio, por crime de calúnia, foi agravada por ter envolvido o então presidente Fernando Henrique Cardoso em seu esquema para fortalecer eleitoralmente o PT e ganhar algum dinheiro.
Resta saber se o PT, que soube socorrer Lula dos monumentais escândalos do mensalão, terá interesse em socorrer um ex-pastor que tanto fez para levar os evangélicos ao PT.



Com informações da Folha de S. Paulo e Paulo Lopes.


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