A petização e a peemedebização da Canção Nova - Presidente do PT-SP ganha programa na TV da comunidade; na estréia, Gilberto Carvalho e Chalita!
A
“Canção Nova”, uma comunidade católica carismática, já chegou a ser
confundida com uma corrente conservadora da Igreja Católica — coisa da
qual sempre discordei, ou o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP), tão
“progressista” em muitos aspectos, não seria uma de suas estrelas. Sei
que há pessoas lá que conservam a ortodoxia católica, às quais dirijo
meus melhores votos. Aliás, já houve padres que foram censurados pela
direção por sustentar a palavra de Deus. Falando em tese, o
desvirtuamento do comando de um grupo religioso não contamina
necessariamente a comunidade. Por que isso?
Sabem quem
ganhou há poucos dias um programa na TV Canção Nova? O “sociólogo”, como
foi apresentando no site da comunidade, Edinho Silva, que também é
deputado estadual e presidente do PT em São Paulo. Fiquei cá com a
desconfiança de que Chalita está usando a Canção Nova para fazer
política. Ele já transformou uma “irmã” notável dessa corrente em sua
assessora: Lurian, a filha de Lula.
O programa se chama “Justiça e Paz”. O próprio Edinho explica o objetivo em SUA PÁGINA DE DEPUTADO: “O
Justiça e Paz sempre mostrará que a fé acompanhada de uma ação
transformadora é sinônimo de uma sociedade mais justa e igualitária;
significa a vivência e a busca dos sonhos do Evangelho de construção da
sociedade da fartura, ‘onde corre leite e mel’, da ‘vida plena’ (…). Entendi.
Bem, se o
negócio é leite e mel, quem poderia lustrar e ilustrar melhor a estréia?
Ora, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, e o próprio
Gabriel Chalita. Era o PT e o PMDB celebrando o seu encontro! Aquilo era
política, não religião. Ah, sim: Wellington Silva Jardim, conhecido
como “Eto”, presidente da Canção Nova, também estava presente.
Edinho, homem de Deus?
Edinho é comprovadamente um homem de Deus, como os demais que estavam ali reunidos. Foi o sujeito que comandou o esforço em São Paulo para recolher os folhetos da Regional Sul 1 da CNBB, em 2010, que faziam, CONSOANTE COM OS PRINCÍPIOS DA IGREJA CATÓLICA, a pregação contra o aborto e convidava os cristãos a não votar em candidatos que defendessem a prática. Amplos setores da imprensa, então, se calaram diante do que era uma óbvia agressão à liberdade de expressão e à liberdade religiosa.
Edinho é comprovadamente um homem de Deus, como os demais que estavam ali reunidos. Foi o sujeito que comandou o esforço em São Paulo para recolher os folhetos da Regional Sul 1 da CNBB, em 2010, que faziam, CONSOANTE COM OS PRINCÍPIOS DA IGREJA CATÓLICA, a pregação contra o aborto e convidava os cristãos a não votar em candidatos que defendessem a prática. Amplos setores da imprensa, então, se calaram diante do que era uma óbvia agressão à liberdade de expressão e à liberdade religiosa.
O político
que acaba de ganhar um programa na Canção Nova recorreu à Justiça
Eleitoral — e conseguiu o seu intento — para tirar de circulação o
manifesto que segue abaixo. Reparem que o texto não cita nomes de
candidatos nem fala de partidos. Trata-se apenas de uma censura ao
aborto. Segue o manifesto para quem não o conhece. Volto depois.
A Presidência e a Comissão
Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua Reunião
ordinária, tendo já dado orientações e critérios claros para “VOTAR
BEM”, acolhem e recomendam a ampla difusão do “APELO A TODOS OS
BRASILEIROS E BRASILEIRAS” elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do
Regional Sul 1 que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico www.cnbbsul1.org.br
São Paulo, 26 de Agosto de 2010.
Dom Nelson Westrupp, scj
Presidente do CONSER-SUL 1
Presidente do CONSER-SUL 1
Dom Benedito Beni dos Santos
Vice-presidente do CONSER-SUL 1
Vice-presidente do CONSER-SUL 1
Dom Airton José dos Santos
Secretário Geral do CONSER SUL 1
Secretário Geral do CONSER SUL 1
APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS
Nós,
participantes do 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida
(CDDVs), organizado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da
CNBB e realizado em S. André no dia 03 de julho de 2010,
-
considerando que, em abril de 2005, no IIº Relatório do Brasil sobre o
Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos
Humanos da ONU (nº 45) o atual governo comprometeu-se a legalizar o
aborto,
-
considerando que, em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê
da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Descriminalização contra a
Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano
da Mulher,
-
considerando que, em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de
Política das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um
substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão
Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono
mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os
artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os
casos, deixaria de ser crime,
-
considerando que, em setembro de 2006, no plano de governo do 2º mandato
do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o
compromisso de legalizar o aborto,
-
considerando que, em setembro de 2007, no seu IIIº Congreso, o PT
assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos
no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no
Brasil a assumir este programa,
-
considerando que, em setembro de 2009, o PT puniu os dois deputados Luiz
Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto,
-
considerando como, com todas estas decisões a favor do aborto, o PT e o
atual governo tornaram-se ativos colaboradores do Imperialismo
Demográfico que está sendo imposto em nível mundial por Fundações
Internacionais, as quais, sob o falacioso pretexto da defesa dos
direitos reprodutivos e sexuais da mulher, e usando o falso rótulo de
“aborto - problema de saúde pública”, estão implantando o controle
demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo
internacional,
-
considerando que, em fevereiro de 2010, o IVº Congresso Nacional do PT
manifestou apoio incondicional ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos
(PNDH3), decreto nª 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo
atual Presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a
descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às
últimas consequências esta política antinatalista de controle
populacional, desumana, antisocial e contrária ao verdadeiro progresso
do nosso País,
-
considerando que este mesmo Congresso aclamou a própria ministra da Casa
Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a
Presidência da República,
-
considerando enfim que, em junho de 2010, para impedir a investigação
das origens do financiamento por parte de organizações internacionais
para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as
lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do
aborto que investigaria o assunto,
RECOMENDAMOS
encarecidamente a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e
brasileiras, em consonância com o art. 5º da Constituição Federal, que
defende a inviolabilidade da vida humana e, conforme o Pacto de S. José
da Costa Rica, desde a concepção, independentemente de sua convicções
ideológicas ou religiosas, que, nas próximas eleições, deem seu voto
somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à
descriminalizacão do aborto.
Convidamos,
outrossim, a todos para lerem o documento “Votar Bem” aprovado pela 73ª
Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, reunidos em Aparecida
no dia 29 de junho de 2010 e verificarem as provas do que acima foi
exposto no texto “A Contextualização da Defesa da Vida no Brasil” (http://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf),
elaborado pelas Comissões em Defesa da Vida das Dioceses de Guarulhos e
Taubaté, ligadas à Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da
CNBB, ambos disponíveis no site desse mesmo Regional.
COMISSÃO EM DEFESA DA VIDA DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB
Voltando
Eu não tenho medo de correntes na Internet. Assim, os eventuais partidários de Chalita e Edinho — que são, a meu juízo, políticos usando o catolicismo, não católicos recorrendo à política (já explico a diferença) — podem se dispensar de fazer correntes etc. Não dou a mínima. Também os membros da Canção Nova pensem duas vezes antes de expressar o seu protesto. Não estou criticando a obra em si, mas aqueles que dela abusam para conquistar o poder no reino dos homens, em vez de honrar o Reino de Deus. Na verdade, estou é alertando muitos fiéis para a insinuação do mal numa obra do bem.
Eu não tenho medo de correntes na Internet. Assim, os eventuais partidários de Chalita e Edinho — que são, a meu juízo, políticos usando o catolicismo, não católicos recorrendo à política (já explico a diferença) — podem se dispensar de fazer correntes etc. Não dou a mínima. Também os membros da Canção Nova pensem duas vezes antes de expressar o seu protesto. Não estou criticando a obra em si, mas aqueles que dela abusam para conquistar o poder no reino dos homens, em vez de honrar o Reino de Deus. Na verdade, estou é alertando muitos fiéis para a insinuação do mal numa obra do bem.
Quando
políticos instrumentalizam a religião, estão apelando às coisas de Deus
para conseguir votos. Eu tenho um profundo desprezo por essa prática,
sejam evangélicos, católicos, protestantes tradicionais… Quando pessoas
com convicções cristãs recorrem à política para tentar espalhar a sua
mensagem, aí estamos diante do fortalecimento da democracia. Explico-me.
Católicos podem e devem atuar no espaço da política para combater o
aborto, por exemplo, um princípio de sua igreja, sempre sabendo que a
decisão será tomada pelo Parlamento, que é oficialmente laico.
Mas o que
dizer de um católico como Edinho, que apelou à Justiça Eleitoral —
infelizmente com sucesso — para censurar um manifesto contra o aborto? O
que dizer de Chalita, que, na prática, apoiou essa atitude? De novo: é
inútil vir com gritaria e correntes de difamação. Não dou pelota! Até
porque este é mesmo um site em que se fazem embates políticos. Se há
coisa fora do lugar, é o eixo PT-PMDB na Canção Nova. Já critiquei muito
aqui, como sabem, a excessiva politização de igrejas evangélicas. Sou
católico. E reconheço quando a distorção atinge também correntes ligadas
à minha igreja.
Eu
duvido que essa peemedebização e petização da Canção Nova seja do agrado
de todos os seus fiéis. Que eles reflitam bastante e se perguntem se o
que está em curso é o triunfo da palavra de homens que querem poder ou o
triunfo do poder da palavra de Deus.
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