sábado, 30 de julho de 2011

Confabulando

O ERRO DA MODERNIDADE


Estava lendo e meditando nesta famosa passagem do Fausto, de Goethe:

‎"No princípio era o Verbo. É esta a letra expressa;
aqui está... No sentido é que a razão tropeça.
Como hei-de progredir? há ’í quem tal me aclare?
O Verbo!! Mas o Verbo é coisa inacessível.
Se apurar a razão, talvez se me depare
para o lugar de Verbo um termo inteligível...
‎...Ponho isto: No princípio era o Senso... Cautela nessa primeira linha; às vezes se atropela a verdade e a razão co’a rapidez da pena;
pois o Senso faz tudo, e tudo cria e ordena?...
É melhor No princípio era a Potência... Nada!
Contra isto que pus interna voz me brada.
(Sempre a almejar por luz, e sempre escuridão!)...
‎..... Agora é que atinei: No princípio era a ação!".
Fausto, Quadro IV, Cena I. Segundo alguns autores, Fausto não queria saber muito, mas tudo. É claro que a missão fracassara antes de se efetivar e Goethe parece mostrar isto bem, quando, anteriormente, mostra-nos o personagem principal quase cometendo suicídio. O drama de Fausto é o drama moderno: vê-se o personagem indo da admiração à dúvida, da dúvida ao devaneio, do devaneio à indiferença, e desta à apatia. Apatia é como um dia nublado que teima em ficar. Talvez fosse esta a crítica de Goethe. A modernidade culminaria proclamando, apaticamente, a "morte de Deus", com Nietzsche.
A Modernidade passou. Nietzsche morreu. Fausto errou. Deus permanece.
Abraços.
Pr. Artur Eduardo

quinta-feira, 28 de julho de 2011

IVES GANDRA DA SILVA MARTINS - A velhice dos tempos modernos

FOLHA DE SP - 28/07/11

A expressão "conservadores" seria mais aplicável aos que repetem "costumes flexíveis", e não os valores abraçados pelos construtores das civilizações
O desconhecimento da história e a pouca atenção que, nas grades escolares, principalmente universitárias, se dá à importância do estudo de toda espécie de acontecimentos passados, principalmente na política e nos costumes, faz com que aquele que vive o momento presente termine por repetir os mesmos erros, vícios e "novidades" pretéritas.
Na política, como procurei demonstrar em meu livro "Uma Breve Teoria do Poder", o homem pouco evoluiu. Se uma democracia formal foi conquistada a duras penas, a verdade é que nem por isso a sociedade consegue controlar a figura do detentor do poder, que quer o poder pelo poder, sendo a prestação de serviços públicos apenas efeito colateral de seu exercício.
A corrupção endêmica nas entidades estatais, nos tempos modernos, é tão velha quanto a dos primeiros tempos. Apenas mais sofisticada. Carl Schmitt ("O Conceito do Político") e Maquiavel ("O Príncipe") continuam atualíssimos.
Nos costumes, a denominada liberdade sexual, em que dar vazão aos instintos é modelo da modernidade, remonta, pelo menos, ao tempo da decadência babilônica, quando as mulheres conseguiam seus dotes para o casamento entregando-se livremente no templo, ou à decadência do Império Romano.
Políbio ("História"), este historiador grego que viveu em Roma, demonstrou que tal liberdade estava desfazendo as famílias romanas, prevendo o fim do Império pela deterioração dos costumes.
É de se lembrar que, no período anterior, quando da República, as famílias respeitavam valores e a sociedade se representava perante o Senado e os cônsules por meio do Tribunato da Plebe (Fustel de Coulanges, "A Cidade Antiga"). A cidadania romana tornou-se um bem que protegia não só os romanos, mas aqueles que a conquistavam dentro de suas fronteiras.
É de se lembrar que, antes da queda de Esparta, a liberdade sexual das mulheres espartanas faria inveja às mais desinibidas senhoras da atualidade. O próprio homossexualismo, praticado em Atenas, tornou-se bem evidente quando do início de sua decadência, que termina, de rigor, com a derrota na Guerra do Peloponeso, tão bem narrada por Tucídides.
Tais breves e perfunctórias reminiscências históricas sobre costumes e política objetivaram apenas mostrar que as denominadas conquistas dos tempos modernos são muito velhas e, quase sempre, coincidem com a decadência de civilizações formadas, como o Império Romano, à luz de valores diferentes.
Parece-me, portanto, que a denominação "conservadores" seria mais aplicável àqueles que repetem, através da história, "costumes flexíveis" -para adotar uma terminologia politicamente correta-, e não os valores abraçados pelos verdadeiros construtores das civilizações, que, como Toynbee afirma ("Um Estudo da História"), nasceram, fundamentalmente, dos preservados pelas grandes religiões.
Uma última observação, de caráter apenas explicativo.
Nos tempos de costumes condenáveis, em que as mulheres, em algumas nações, tinham um estatuto inferior, foi Cristo que abriu a perspectiva da igualdade entre o homem e a mulher, ao dar ao matrimônio a dignidade de Estado, com obrigações e direitos mútuos rigorosamente idênticos, com deveres de lealdade e fidelidade necessários para criar os valores próprios para a correta educação da prole que geravam. E elevou uma mulher à condição de mais importante figura da humanidade, para os católicos, acima de todos os homens, ou seja, santa Maria.
Política e costumes merecem sempre uma reflexão histórica.
Pouco comum, mas necessária.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Os mistérios de Chalita

VEJA
O que está claro: ele é vaidoso, rico e escreve livros com a mesma velocidade com que muda de partido. Já a lista das incógnitas que cercam o pré-candidato do PMDB a prefeito de São Paulo é mais extensa

Esso, esso, esso, Gabriel Chalita é um sucesso. Na literatura, ele é tão prolífico que deixa na lanterna gigantes como Machado de Assis e Honoré de Balzac. Machado produziu 38 obras em 69 anos de vida e o novelista francês, 89 em 51 anos. Chalitaa já deixou os dois para trás: aos 42 anos, publicou 54 títulos, todos com um estilo marcado pelo forte apego às frases feitas e por um fraquinho pelos diminutivos. Como político, sua trajetória não tem sido menos espetaculosa: eleito vereador aos 19 anos por Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, ele se tornou o terceiro deputado mais votado do Brasil no ano passado, logo atrás do palhaço Tiririca. Hoje, é pré-candidato a prefeito de São Paulo. De qualquer ângulo que se observe - por cima, por baixo, entre, como diria o filósofo Caetano Veloso -, Chalita é um portento. Mas o fato de ele escrever como faz política e de fazer política como escreve não é suficiente para lhe emprestar contornos mais, digamos, assumidos. A controvérsia e a incógnita marcam as duas faces do deputado e escritor.

Saber, por exemplo, quantos livros Chalita vendeu é uma tarefa árdua. Perguntado, o escritor responde sempre: "Pelos meus cálculos, foram uns 10 milhões". A marca o colocaria à frente de J.K. Rowling, autora da série Harry Potter (3,6 milhões de exemplares vendidos no Brasil), e próximo de Augusto Cury, fenômeno editorial da década (11 milhões de livros vendidos desde 2002). A pedido de Chalita, suas editoras também não divulgam os seus números de venda. Uma espiada nas planilhas da rede de livrarias Saraiva, no entanto, autoriza a suspeita de que o cálculo não é o forte de Chalita. Considerada um termômetro do mercado editorial, a Saraiva negociou apenas 70000 exemplares do autor nos últimos três anos.

Se não é bom com números, Chalita tampouco consegue ser preciso em suas citações. No ano passado, ao reeditar Carras entre Amigos - escrito em parceria com o padre Fábio de Melo, seu amigo do peito -, a editora Globo teve de extirpar da versão original duas passagens erroneamente atribuídas a Machado de Assis e Cora Coralina. Infelizmente, para os leitores do deputado, outras escaparam aos olhos dos revisores (veja o quadro na pág. 84). Usuário obsessivo do Twitter, Chalita escreve mensagenzinhas a cada quinze minutinhos, em mediazinha. São, em geral, frases de conteúdo "literário-filosófico", como ele gosta de classificá-las, algumas vezes retiradas de seus próprios livros ("Eu te amo". Se tiver dúvida, não diga. Se tiver certeza, não economize" ou "Matérias-primas de que somos feitos são duas, paradoxalmente duas: pó e amor! O pó nos iguala. O amor nos identifica"). Sem maldade, pessoal: o pó de Chalita é, no máximo, o de pirlimpimpim.

O deputado não bebe e não sai muito à noite. mas é festeiro à sua moda. Gosta de celebrar cada compra de um imóvel ou reforma de apartamento. Em 2004, então secretário de Educação de Geraldo Alckmin, seu padrinho político, ele convidou seis assessores para uma "inauguração-surpresa" em seu dúplex no bairro de Higienópolis. "Quando chegamos lá, soubemos que a inauguração era da nova banheira de hidromassagem dele", conta um dos convidados. Vestido com um robe de chambre, Chalita levou o grupo à sua suíte. onde a banheira estava instalada. Lá, anunciou que iria mostrar "como se banha um homem de estado". Em seguida, tirou o robe e, tchibum-tchibum, de sunga, deslizou para dentro d"água. Para sua decepção, um curto-circuito impediu o funcionamento da hidromassagem e pôs um fim abrupto à celebração.

Católico, Chalita conta que na juventude queria ser padre, mas, com a entrada na política, trocou a batina pelo terno (hoje, ele prefere os Armani). Vaidoso, orgulha-se da "barriga tanquinho", conquistada à base de muuuita malhação. Um assessor que ele considerou "fora de forma" já teve de acompanhá-lo em uma de suas habituais caminhadas aceleradas de 5 quilômetros em São Paulo - e nem o fato de estar trajando roupa e sapatos sociais o salvou da vigorosa experiência estética.

Na política, guardadas as devidas proporções, Chalita troca de partido quase com a mesma frequência com que lança um livro novo. Até agora, foram três mudanças de sigla. Começou no PDT, foi para o PSDB, passou pelo PSB e acaba de filiar-se ao PMDB. Trata-se de uma união de mútuas e significativas vantagens, em que o deputado já chega com status de pré-candidato a prefeito da maior cidade do país e na qual o PMDB poderá ganhar do PT e do governo federal algo que o interesse - e todo mundo sabe que algo é esse - em troca da desistência da candidatura Chalita. Mesmo sendo um nome emergente no cenário nacional, o deputado compartilha ao menos uma característica com veteranos de Brasília. Seus últimos onze anos de vida pública coincidem com uma notável evolução patrimonial. Os 741000 reais em bens que declarava possuir em 2000 transformaram-se em 7 milhões de reais em 2008 e hoje chegam a 15 milhões, uma variação de 1925%. Chalita atribui a prosperidade galopante às palestras que ministra pelo Brasil aos 10 milhões de livros que "estima" ter vendido e ao "salário impressionante" que recebeu como diretor de escolas e professor de faculdades particulares até o fim da década de 90 ("Uns 20000 dólares mensais, pelos meus cálculos"). O dúplex onde ele mora em São Paulo está avaliado em 6 milhões de reais. Tem 1000 metros quadrados, piscina coberta com teto retrátil, oito vagas na garagem e uma academia de ginástica, montada com a orientação de Fabio Sabá, seu ex-personal trainer alçado a secretário adjunto de Educação de São Paulo quando Chalita era titular da pasta. Há um mês, ele adquiriu um novo apartamento, também no bairro de Higienópolis. A compra do bem lhe custou 4,5 milhões de reais e foi paga à vista. Para fechar o negócio, nem precisou vender seus outros dois imóveis (além do dúplex, tem um apartamento no Rio de Janeiro, cujo preço é 1,5 milhão de reais). Como conseguiu a façanha? "Vendi um apartamento que eu tinha em Santos", explicou, com a tinta da melancolia no semblante. O flat negociado pelo deputado valia 200000 reais no ano passado. Como conseguiu multiplicar esse capital por vinte é só mais um dos mistérios de Chalita. Ele é a Capitu da política brasileira.




CHALITAPÉDIA

Cartas entre Amigos, best-seller de Gabriel Chalita, copia citações erradas da internet

Citação:"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares"

A quem Chalita atribui: Fernando Pessoa

A verdade: Fernando Pessoa nunca escreveu isso, como qualquer leitor seu sabe e atesta a Casa Fernando Pessoa

Citação: "A vida é bela e digna de ser vivida"

A quem Chalita atribui: Leon Trotsky

A verdade: o revolucionário russo escreveu: "A vida é bela, que as gerações futuras a limpem de todo o mal". A citação do livro de Chalita - assim como outros dois parágrafos que se seguem a ela - foi copiada de uma apresentação na internet do filme A Vida E Bela, de Roberto Benigni

Citação: "Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir. Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende"

A quem Chalita atribui: Machado de Assis

A verdade: "Esses versos não estão nas poesias editadas por Machado nem nas que foram coligidas postumamente", diz o professor da USP Alcides Villaça, especialista na obra do escritor

Citação: "Não sei... se a vida é curta ou longa demais para nós"

A quem Chalita atribui: Cora Coralina

A verdade: a editora de Cora e também sua filha, Vicência, afirmam que o poema não foi escrito por ela

Trovoada sem chuva J. R. GUZZO

VEJA

Uma das principais dificuldades do governo Dilma Rousseff, pelo que foi possível perceber nestes seis primeiros meses, é que a presidente da República vive brava. Diante de todo e qualquer problema que aparece, o noticiário diz sempre a mesma coisa: Dilma ficou brava, ou muito brava. Está irritada. Ou está impaciente. Ou não gostou. Ou passou uma descompostura geral à sua volta. Ou deixou de castigo os doutores fulano, beltrano e sicrano, e por aí se vai. E quanto ao problema real que causou esse mau humor todo - ficou bem resolvido? Não vai acontecer de novo? Alguma coisa melhorou? Nada disso; fica tudo igual e, às vezes, fica pior. A presidente acha que está, com os seus pitos, corrigindo os erros cometidos e mostrando que tem braço firme para governar. Na prática, o que está fazendo é outra coisa. Está confundindo cara feia com autoridade; é o governo através da bronca. Talvez seja bom para a máquina de propaganda do Palácio do Planalto, que pode vender a imagem de uma presidente capaz de botar na linha qualquer peixe graúdo que lhe apareça pela frente, que age rápido e não tolera serviço malfeito. Mas na prática, até agora, a qualidade de seu governo não melhorou nada com isso, pois Dilma não muda, e talvez nem possa mudar, aquilo que realmente está criando os problemas. É trovoada que vai embora e não traz um pingo de chuva.

O que está criando os problemas é o avanço cada vez mais rápido da privatização do estado brasileiro - ou, em linguagem mais direta, a utilização da máquina do governo em benefício de interesses privados e a transferência de renda pública para bolsos particulares. É história que está aí há muito tempo, mas que atravessa, na atual administração, fronteiras nunca atingidas antes neste país. Os exemplos são constantes, custam caro e acontecem praticamente à vista de todos. Basta olhar, para começo de conversa, as empreiteiras de obras públicas - jamais mandaram também no governo como agora. Decidem preços, falsificam licitações, alteram contratos, ignoram prazos e dão ordens nos ministérios. O empresário Abilio Diniz se comportava até outro dia como presidente do BNDES, que se dispunha a lhe fornecer mais de 4 bilhões de reais para a realização de um negócio de seu interesse pessoal no Grupo Pão de Açúçar; o projeto acabou em naufrágio, mas deixou claro como empresários amigos do governo se sentem à vontade diante do patrimônio público. O notório deputado Valdemar Costa Neto, dono de um dos mais extensos prontuários da política brasileira, despachava até outro dia dentro do Ministério dos Transportes, foco do último escândalo classe "A" da administração federal. Amigos, aliados e parceiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não tem cargo oficial nenhum e teoricamente é um cidadão particular, circulam nos ministérios, empresas estatais e outros órgãos públicos como se estivessem em casa. Jatinhos de magnatas que têm negócios pendentes com o governo são hoje o meio de transporte regular de Lula e da companheirada.

Enquanto as coisas forem assim, e elas são cada vez mais assim, não adianta nada a presidente ficar brava. A braveza de Dilma pode assustar os subordinados mais inseguros, mas não causa a menor impressão em profissionais calejados como o deputado Costa Neto - podem até trocar de sala, mas não mudam de atividade. O desfecho da mais recente calamidade fornecida pelo Ministério dos Transportes, onde reportagens de VEJA flagraram práticas grosseiras de corrupção, é um excelente exemplo disso. O ministro Alfredo Nascimento, depois de receber "confiança" de Dilma, acabou sendo colocado na rua, junto com os burocratões mais vistosos do seu entorno. Mas para o seu lugar foi nomeado o número 2 do ministério, que está lá há anos; a menos que não comparecesse ao local de trabalho, viveu esse tempo todo no meio da ventania.

Qual é a mudança, então? O PR, grupo que foi presenteado com o Ministério dos Transportes pelo ex-presidente Lula, não vai largar o osso; a "base aliada" e as gangues partidárias que mandam em Brasília não vão mudar de conduta. Alteração, mesmo, só continua acontecendo com o PT, em conseqüência de sua caminhada ao lado de gigantes da política brasileira como o PR e bandos semelhantes. O partido-farol das massas populares, em algum momento dessa viagem que já dura mais de oito anos, acabou trocando de lado. Na pose e no palavrório, ainda se apresenta como a vanguarda das forças do bem. Na vida real, fica cada vez mais parecido com o deputado Costa Neto.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Mantenha Jesus fora do seu socialismo

Jesus não pregou um evangelho esquerdista para Pôncio Pilatos. Oh, ele falou a verdade para um governante. Ele deu para Pôncio Pilatos uma mensagem profunda, que também serve para você e para mim: "Meu reino não é deste mundo".
A manchete do anúncio comercial de página inteira faz a seguinte pergunta: "O que Jesus cortaria? Um orçamento público é um documento moral". O documento continua: "Nossa fé nos diz que o teste moral de uma sociedade é de que jeito ela trata os pobres".

O anúncio foi produzido por Sojourners, uma organização que se descreve como "evangélica" e cujo lema é "Fé em Ação em Prol da Justiça Social". O anúncio foi assinado por Jim Wallis, presidente de Sojourners, e mais uns vinte pastores, teólogos e ativistas religiosos esquerdistas. Eles exortam nossos legisladores a se perguntarem "O que Jesus cortaria?" do orçamento federal.

Como você responderia a essa pergunta? Minha resposta seria: "É uma pergunta ridícula. Sua premissa é falha. Suas prioridades não são as prioridades de Deus".

Jesus teve muitas oportunidades de confrontar o governo romano sobre suas prioridades de gastos. Era, afinal de contas, um dos governos mais brutais da história. Se a pergunta "O que Jesus cortaria?" tem qualquer relevância bíblica, deveríamos estar em condições de citar exemplos em que Jesus passou um sermão nos opressores romanos do mesmo jeito que a esquerda religiosa passa sermão no governo nos dias de hoje.

Em Mateus 22, quando os fariseus perguntaram se era certo pagar impostos para César, o Senhor poderia ter trovejado contra as prioridades mal aplicadas do orçamento público. Em vez disso, Ele disse: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".

Em João 18, Jesus estava diante de Pôncio Pilatos, o governador romano, amigo de César. Por que Ele não se queixou para Pilatos sobre as injustiças do governo romano? Se já houve um momento ideal para Jesus "falar a verdade para os governantes" e se tornar o "Messias da justiça social", esse foi o momento perfeito!

Mas Jesus não pregou um evangelho esquerdista para Pôncio Pilatos. Oh, ele falou a verdade para um governante. Ele deu para Pôncio Pilatos uma mensagem profunda, que também serve para você e para mim: "Meu reino não é deste mundo".

Não estou dizendo que o Evangelho cristão não tem uma dimensão social e compassiva. Claro que tem! Jesus tinha grande compaixão pelos pobres.

Ele pregou em Nazaré: "O Espírito do Senhor está sobre mim, pois me ungiu para pregar as boas notícias aos pobres". Ele enviou um recado para João Batista: "Os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas notícias estão sendo pregadas aos pobres". Jesus apresentou a obrigação de ajudar os pobres como uma responsabilidade individual, uma responsabilidade do Reino de Deus - não como um dever do governo secular.

Em Romanos 13, Paulo nos diz que pagamos nossos impostos e sustentamos o governo de modo que tenhamos uma sociedade justa e ordeira em que cidadãos obedientes às leis sejam protegidos dos criminosos. Mas a responsabilidade de mostrar misericórdia e compaixão pertence à igreja - não ao governo.



Traduzido e editado por Julio Severo.
Fonte: OneNewsNow

Sou ex-homossexual e apoio Michele Bachmanm e marido dela

Sofro mais hostilidade como ex-homossexual do que já sofri como alguém que tinha orgulho de ser homossexual assumido.
Por que os ativistas gays instigaram a atenção dos meios de comunicação por causa dos ex-homossexuais e do marido da candidata presidencial dos EUA Michelle Bachmann?
Ao que tudo indica, o sr. Bachmann, que tem um diploma de doutorado em psicologia clínica, administra vários centros de aconselhamento que também oferecem serviços para clientes homossexuais que buscam vencer atrações indesejadas de mesmo sexo. Mas pelo fato de que até mesmo um só ex-homossexual prova que a conduta homossexual não é inata ou imutável, o medo que os grupos gays de pressão política têm daqueles que eram seus membros traz como consequência afirmações falsas e ataques que têm como alvo impedir que os homossexuais exerçam seu direito à autodeterminação.
Eles não suportam ver um único homossexual abandonando o homossexualismo. Daí, estão furiosos com o Dr. Bachmann.
Sei porque eu mesmo sou ex-homossexual. Sofro mais hostilidade como ex-homossexual do que já sofri como alguém que tinha orgulho de ser homossexual assumido.
A população de ex-homossexuais inclui milhares de ex-homossexuais como eu mesmo, que foram beneficiados por aconselhamentos. Não fizemos a escolha de ter nossos sentimentos homossexuais, mas exercemos nosso direito de buscar ajuda para mudar esses sentimentos. Como enfermeiro diplomado, vi centenas de homens gays morrerem de AIDS antes que eu finalmente tivesse deixado o estilo de vida gay.
Contrário aos mitos que são criados por homossexuais furiosos, os aconselhamentos para resolver atrações indesejadas de mesmo sexo não são proibidos por nenhuma associação médica. Homossexuais infelizes não são filhos em necessidade de permissão dos pais e podem livremente escolher seu próprio tratamento terapêutico exatamente como qualquer outra pessoa.
O incidente contra Bachmann demonstra que à medida que os homossexuais estão ganhando mais direitos civis, os heterossexuais estão perdendo os deles. Pelo fato de que são uma minoria rica e politicamente poderosa, os gays exigem acesso à atenção dos meios de comunicação, poder político e influência no meio empresarial que nem mesmo a classe média dos EUA tem.
Dependente das riquezas da comunidade gay para suas campanhas para se eleger e se reeleger, o presidente Obama resolutamente implementa políticas públicas gays, bissexuais e transgêneras em todos os níveis do governo federal, mas omite a única situação impopular da orientação sexual - a dos ex-homossexuais. Mas num gesto louvável, Obama recusou dobrar-se diante dos homossexuais quando exigiram que ele removesse Donnie McClurkin, um cantor ex-homossexual, de um evento de levantamento de fundos para sua campanha.
O presidente Obama precisa demonstrar esse tipo de coragem mais uma vez, e apoiar aqueles que mudam sua orientação sexual tanto quanto ele apoia aqueles que fazem operações para mudar de sexo. Mas quem vai lhe fazer esse pedido? Os meios de comunicação, que têm pavor de represálias dos ativistas gays, permanecem de boca fechada, uma prova a mais da influência e poder dos militantes homossexuais.
Enquanto os meios de comunicação deliberadamente ignoram o nosso lado, os ex-homossexuais estão sofrendo hostilidade e estão sendo publicamente denunciados por implacáveis ativistas gays por causa de nossa impopular orientação sexual.
Wayne Besen do grupo de ódio Truth Wins Out, e outros Sauls dos dias atuais, espreitam e expõem ex-homossexuais de forma negativa para garantir que eles batam em retirada e voltem ao armário. A organização de militância gay Lambda Legal apoia o estabelecimento de Centros GLBTs em universidades públicas, mas bloqueia toda tentativa de acesso igual por parte dos ex-homossexuais. As resoluções de acionistas de empresas para que os ex-homossexuais sejam incluídos em políticas antidiscriminação são repetidamente derrotadas pelo movimento gay.
A organização gayzista Campanha pelos Direitos Humanos exige o "casamento" de mesmo sexo para gays e ao mesmo tempo luta para que os ex-homossexuais não obtenham igualdade. Uma de suas mais recentes vitórias foi o sucesso de suas campanhas de bullying contra o Banco Mundial, pressionando-o a recusar recursos financeiros para instituições de caridade de ex-homossexuais, mas permitindo a participação de organizações gays.
Contudo, os ex-homossexuais não são tão perigosos ou iludidos quanto os extremistas homossexuais acusam. Temos nosso Comitê de Educadores Ex-Gays na Associação Nacional de Educação. Temos a organização Pais e Amigos de Ex-Gays & Gays, que com sucesso processou o governo do Distrito de Colúmbia por recusar reconhecer os ex-homossexuais em suas proteções de orientação sexual. Somos seus médicos, professores, pastores, família e vizinhos.
O Conselho de Psicologia dos EUA segue um código de ética que pede que seus membros respeitem o direito de uma pessoa à autodeterminação. Portanto, a única questão acerca das notícias envolvendo o Dr. Bachmann é esta: Deveriam os homossexuais ter o direito de determinar a heterossexualidade? Isto é, se um homem gay decide que quer viver como um heterossexual saudável, como eu mesmo decidi, deveriam os homossexuais ter o direito de vetar essa decisão?
A resposta determinará se os Estados Unidos serão governados por uma minoria poderosa como a comunidade gay, ou se a igualdade e a justiça para todos prevalecerão. Quanto a mim, anseio viver num país em que meus amigos e eu não sejamos caçados por ativistas gays porque escolhi mudar de gay para normal.


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Greg Quinlan é presidente de Pais e Amigos de Ex-Gays & Gays e diretor executivo de Igualdade e Justiça para Todos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

16 - בשלח - Beshalach [Deixado] • Shemot (Êxodo) 13.17-17.16
Saindo do lugar do confinamento

Finalmente acontece a saída do povo do Egito. No hebraico, a palavra usada para se referir ao Egito é Mitsrayim, que significa “lugar de confinamento”. A história do povo é muito mais profunda do que apenas o seu  "significado simples": simboliza também o processo de amadurecimento espiritual pelo qual YHWH nos faz passar.
A jornada do povo pelo deserto, que por muitas vezes era em círculos, tinha por objetivo testá-los. Não é YHWH que se beneficia de nos testar, mas nós mesmos.
As dificuldades tinham como objetivo refinar o povo, torná-lo pronto para servir ao Eterno na terra da promessa. Da mesma forma, se desejamos servir ao Eterno, primeiramente ele nos liberta do confinamento do pecado. Mas, depois, começa a jornada pelo deserto. Se você deseja crescer espiritualmente, prepare-se para o deserto.
O final da história é feliz: a terra prometida. Mas as dificuldades acompanham o processo de amadurecimento espiritual.

A confiança de Moshe
Observamos no início deste estudo a grande confiança de Moshe, que nada levou, salvo os ossos de Yosef (José), para cumprir a promessa que os filhos de Israel haviam feito a Yosef. Isto demonstra uma grande confiança da parte dele para com o Eterno. Isto nos lembra o que disse Yeshua aos seus emissários em Mt. 10:
“Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos; nem de bolsa para o caminho, nem de duas túnicas, nem de sandálias, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.”

Em parte, a frase de Yeshua tem a ver com a noção das pessoas de que os seus emissários estariam trabalhando, mas em grande parte também Yeshua estava ensinando e eles que deveriam confiar no Eterno.
Será que temos confiado que o Eterno nos provera? Seríamos capazes de tomarmos a atitude de Moshe e sairmos praticamente só com a roupa do corpo? Não serei hipócrita em dizer que é fácil pensar assim - não é nada fácil. Contudo, que possamos ter em mente que um dos maiores objetivos do Eterno é esse: que aprendamos a depender dEle em todas as situações.
E que nossa oração possa ser para que Ele nos ensine a sermos assim.

Cumprindo uma promessa
Uma das histórias mais interessantes da tradição judaica diz respeito à promessa que os filhos de Israel tinham feito a Yosef, que citamos acima. Segundo nos conta a Midrash judaica (Yalcut 227), Serach filha de Asher, uma das poucas pessoas a sobreviver à geração de Yosef antes da escravidão, contou a Moshe que a caixa de metal contendo os ossos de Yosef teria sido jogada no rio Nilo. Como Yosef tinha sido um grande homem de YHWH, os egípcios pensavam que jogar os ossos no Nilo traria bênçãos a eles.
Certamente não haveria tempo para que fossem procurados, e mesmo que houvesse tempo, imaginem o que seria procurar ossos no rio Nilo, e ainda identificá-los como sendo de Yosef.
O que fez Moshe então?
Chegou à beira do Nilo e disse: “Yosef, Yosef, chegou a hora da libertação de Israel. Queremos cumprir nossa promessa!” E com isto YHWH fez emergir a caixa de metal, e Moshe a trouxe então consigo.

Proteção 24 horas
Repare que logo no início deste estudo, vemos que o Eterno era como uma coluna de nuvem durante o dia e como uma coluna de fogo durante a noite, pois o deserto costuma ser muito quente durante o dia, e muito frio (além de escuro) à noite.
Mas a Torah nos relata que o a coluna de nuvem não ia embora antes da coluna de fogo aparecer.
Isto quer dizer que a proteção do Eterno sobre o povo era permanente, 24 horas por dia. Repare que tal proteção não estava condicionada a nada. Da mesma forma, o Eterno está conosco 24 horas por dia.
Nem sempre reconhecemos este fato, mas é importante entendermos que nada nos separa do amor dEle, e que ele nos acompanhará por maior que seja o deserto que atravessemos.

Por que YHWH os levou até o mar?
A Torah nos relata no passuk (versículo) 13.17 que YHWH não os quis levar pela terra dos filisteus para que, ao verem a guerra, não mudassem de ideia. Mas que guerra era essa, e por que o Eterno não queria que passassem por este caminho?
A tradição judaica para este estudo é muito rica, e sobre isto em particular, nos relata que antes da libertação do povo por Moshe, um grupo de israelitas já havia tentado sair do Egito, liderada pela meia-tribo de Efraim. Eles chegaram a conseguir sair, levando armas e dinheiro. Mas foi um desastre, o que em parte explica o desânimo do povo para seguir Moshe.
Ao chegar à terra dos filisteus, os Efrayimitas atacaram fazendeiros locais para poder produzir comida (após tais fazendeiros terem rejeitado vender os campos a eles), e foram derrotados pela população local, e poucos sobreviveram, retornando ao Egito. Isto explicaria o porquê do povo poder ficar desanimado ao ir pela terra dos filisteus, pois os lembraria daquele episódio.
Podemos tirar desta história também uma grande lição: se tentarmos travar uma batalha espiritual sem estarmos preparados, seremos derrotados. Força física (nesta história representada por armas e dinheiro) não é um indicativo do status espiritual.

Impureza Espiritual
É difícil para nós compreendermos tanta murmuração do povo após tantos atos milagrosos. Porém, a tradição judaica nos revela que existem 50 níveis decrescentes de impureza espiritual, e que a escravidão do Egito havia sido tão brutal que o povo teria atingido o penúltimo nível. É por isso que sua imaturidade espiritual é revelada de forma tão clara pela Torah.
Curiosamente, o Talmud relata também outro momento em que o grau de impureza espiritual do povo chegou quase no limite: cerca de 40 anos antes da destruição do segundo Beit HaMikdash (o Templo).
Da mesma forma em que foi quando a impureza espiritual atingiu seu nível quase máximo que YHWH providenciou a redenção do povo no Egito, foi também em época semelhante, onde imperava a impureza espiritual que YHWH fez revelar o seu Mashiach Yeshua, a luz do mundo, providenciando novamente a redenção.

Os frutos de um coração duro
Uma das coisas mais tristes de se observar no relato do Faraó foi como a dureza de seu coração, sua autoconfiança e arrogância, o levaram não só à destruir boa parte do Egito, como também à sua própria ruína. Imaginem a arrogância espiritual de Faraó ao comandar o seu exército a marchar por dentro do Mar dos Juncos (popularmente conhecido como “Mar Vermelho”).
Este é o resultado de confiarmos em nós mesmos. É a marcha da insensatez: não havia nada nos céus e na terra que o fariam mudar de ideia, e ele continuaria a marchar em direção ao abismo.
Da mesma forma, o livro de Apocalipse nos revela que haverá um tempo na terra (e este tempo se aproxima a cada dia), em que boa parte do mundo, mesmo ao perceber os terríveis julgamentos do Eterno sobre a terra, recursar-se-ão a se arrependerem de seus pecados. A arrogância espiritual traz a destruição.
Portanto, aprendamos a sermos humildes, a nos arrependermos de nossos pecados, e a reconhecermos que sem o Eterno, nada somos, e que Ele quer o melhor para todos nós.

O que levou Faraó a uma nova tentativa?
Face ao comentário acima, podemos nos perguntar: o que levou Faraó a fazer uma nova tentativa, e novamente perseguir o povo. Aqui vemos um conceito cuja resposta está no passuk (Versículo) 14.2: o povo de Israel parou em frente à Ba'al-Ts'fon.
Coincidentemente, este é o nome de um deus do Egito. Faraó, portanto pensou que este teria sido o único deus do Egito que teria sobrevivido às pragas enviadas pelo Eterno. E o fato do povo ter parado perante Ba'al-Ts'fon teria sido um indício segundo a mente doentia de Faraó de que tal deus egípcio seria superior ao Eterno. E mais: Ba'al-Ts'fon seria o deus egípcio das riquezas.
Como Israel teria levado consigo uma boa parte das riquezas dos egípcios, Faraó pensou que este deus deles agora estaria prestes a punir Israel, e que concederia vitória a Faraó. Mesmo perante tantos milagres. Faraó ainda não estava convencido de que o Eterno era YHWH.
Por isto o comentário do Eterno no passuk (versículo) 14.18 de que os egípcios veriam que Ele era YHWH. Não haveria mais dúvidas: o último deus egípcio cairia por terra.
E o Eterno prevaleceu!

Seiscentas carruagens ou “todas” as carruagens?
No passuk (versículo) 14.7 temos um relato inusitado: Faraó escolheu 600 carruagens, e posteriormente vemos que ele escolheu todas as carruagens do Egito. Por que então o número 600? Por que as mencionar separadamente das outras?
Pela ótica mística do judaísmo rabínico farisaico, vemos que tais carruagens não eram apenas carruagens físicas, mas simbolizavam também os poderes espirituais do Egito. Faraó, ao sentir a confiança de que o “último deus” do Egito teoricamente havia conseguido “parar Israel”, reuniu todos os seus poderes espirituais para irem contra Yisra'el.
O Zohar (um livro do judaísmo rabínico farisaico sobre a parte espiritual da Torah) diz o seguinte, em Shemot 30b:
“Estes atos poderosos que o Todo-Poderoso realizou no Egito foram realizados pelo levantamento de uma de Suas mãos contra eles, tanto no alto quanto em baixo.
Foi então que a sabedoria do Egito pereceu, tal como dizem as Escrituras: “e a sabedoria de seus sábios perecerá, e o entendimento de seus homens prudentes será escondido” (Yeshayahu /19 Isaíasl9.2:
“ Incitarei egípcios contra egípcios; e cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu próximo, cidade contra cidade, reino contra reino”.
E isto significa o 'Egito celestial' [isto é, seus 'deuses/demônios'] com o 'Egito terreno'. Pois as legiões celestiais estão no comando das terrenas, e ambos juntos foram jogados na desordem.
Eles foram confundidos acima para que os egípcios não pudessem tirar inspiração de suas fontes celestiais [isto é, dos demônios que serviam] como anteriormente”.

Quando o Eterno nos manda marcharmos
Aqui no passuk (versículo) 14.15 temos outro conceito interessante:
YHWH pergunta a Moshe por que clama a Ele, e o manda marchar. A Midrash judaica nos conta que não era hora de clamarem por um milagre, mas sim de fazerem à parte deles. Segundo a Midrash, há tempo para orar, e tempo para agir. E o momento era o de agir.
Muitas pessoas passam à vida à espera de milagres, e se esquecem que muitas vezes é através de nossos próprios atos que YHWH se manifesta. YHWH não quer passividade, mas sim atitude da nossa parte.
Não basta orarmos, temos que também ter fé e enfrentarmos as dificuldades com atitudes.

O primeiro a se lançar ao mar
A Midrash nos conta uma história muito bonita da tradição judaica. Quando Moshe fala ao povo que o Eterno havia mandado que marchassem, o povo ainda ficou inseguro, e só de fato passou quando Moshe finalmente tocou com o cajado nas águas e o mar se abriu.
Todos, com exceção de um: Nachshon, filho de Amminadav, que posteriormente foi feito líder da tribo de Yehudá (Judá), foi o primeiro a se lançar no mar, com as águas ainda não abertas. Tal foi a sua confiança que ele marchou em frente, e as águas só se abriram quando ele já estava com água até o pescoço.
Seu mérito certamente foi recompensado, pois ele foi feito o primeiro líder da tribo de quem viria o rei David, e posteriormente o próprio Mashiach. Seu ato de fé é realmente impressionante. Quantas vezes não paramos face às dificuldades mesmo quando YHWH manda marchar. Até mesmo Kefá (Pedro) hesitou em sua fé quando estava andando sobre as águas com Yeshua.
YHWH quer que tenhamos coragem de ter fé, e fé para ter coragem. Se não estamos ainda neste ponto espiritualmente, então que possamos pedir ao Eterno que fortaleça nossa fé.

O cântico do mar
Após a travessia do Mar dos Juncos (popularmente conhecido como “Mar Vermelho”), temos o relato do cântico do povo ao Eterno. Você tem o hábito de cantar louvores a Ele? Pois este é o primeiro relato escrito de um cântico de louvor ao Eterno.
Poderíamos escrever um livro sobre este belíssimo cântico, mas vamos citar aqui apenas alguns dos aspectos mais importantes:

Este cântico demonstra o estado espiritual do povo. Só o fato de Moshe e o povo cantarem-no juntos já demonstrava um grande milagre. Segundo nossos sábios, um cântico de louvor ao Eterno é um fenômeno espiritual muito profundo, pois o objetivo de nossa criação foi o louvor ao Eterno.
Veja que grande milagre: YHWH pega um povo cujo estado espiritual era dos mais baixos, e os eleva a um ponto em que são capazes de compor um dos cânticos mais belos de louvor ao Eterno!

Muitas pessoas sentem-se insatisfeitas em apenas louvar ao Eterno.
Querem poder realizar “sinais e prodígios”. Mas nos nossos sábios nos dizem que neste momento, até o mais baixo dentre os do povo hebreu teve uma revelação mais alta do que a visão celestial de Ezequiel.
Ou seja: não há revelação maior do que entoarmos louvores ao Eterno, pois estamos nos mostrando cientes da revelação dos grandiosos atributos do Eterno. Você já pensou nisto? Se não, da próxima vez em que entoar um cântico de louvor ao Eterno, reflita sobre isto.

O cântico começa com o termo “lashir” (cantarei), isto é, o verbo cantar no futuro. Isto indica que o cântico não seria apenas daquela geração, mas de todas as gerações que viriam após a mesma.
É importante que nós como povo do Eterno tenhamos esta sensibilidade de louvá-lo não só pelo que fez conosco, mas também pelo que fez ao Seu povo durante toda história.
Afinal, se o Eterno não tivesse feito isto, não estaríamos aqui.
Até hoje este belo cântico é cantado nas sinagogas ao redor do mundo todas as manhãs.

A Midrash nos conta (Yalcut 241) sobre a parte em que os israelitas falam sobre edificar uma morada ao Eterno. Num nível mais profundo, o “edificar uma morada” também se referiria aos filhos, e isto significava uma promessa de que ensinariam seus filhos a também louvarem o Eterno, para que o Eterno também habitasse entre eles.

As águas de Mará
Vemos aqui mais um relato extremamente profundo. Novamente a imaturidade espiritual dos israelitas é refletida neste evento. Nossos sábios ensinam que o povo de Israel se preocupou muito com coletar as riquezas que os egípcios haviam deixado no mar e, por isto, acabaram atrasando o recebimento da Torah do Eterno.
Como a Torah é comparada à água, as águas amargas de Mará representam a amargura do Eterno para com esta atitude.
A sequência de eventos no trecho de 15.24-27 é impressionante:
15.24     - O povo pergunta “o que iremos beber?';
15.25     - Uma árvore (que simboliza a Torah) é jogada na água;
15.26     - YHWH diz que a Sua Torah os sustentará.
Da mesma forma, ocorre com o Mashiach. Ele é a raiz de David, a nossa Torah viva, e de Seu trono fluem rios de água viva.

Estocando o Maná
Outro fator impressionante é o maná descido dos céus. Vemos que apesar de YHWH prometer que diariamente daria o sustento a Israel, ainda assim havia alguns que tentaram estocar o maná.
YHWH demonstra através disto que Ele quer que o nosso relacionamento com Ele seja diário. Isto pode ser visto através da frase de Yeshua:
“o pão nosso DE CADA DIA nos dai HOJE”.
Sabemos também que Yeshua é o pão vivo (Yochanan / João 6:51). Ele é o nosso maná. Contudo, tem muita gente que o trata como maná: quer “estocá-lo”. Acha que por ter levantado a mão um dia e aceitado a Yeshua isto significa um “ticket permanente” para o Reino dos Céus. Mas o Eterno quer de nós muito mais do que isto.
Ele quer um relacionamento DIÁRIO de submissão a Ele. Se o temos, Ele é SENHOR das nossas vidas. Se em nossas vidas Ele não é SENHOR, será que de fato o temos?
Fica a reflexão.

O principio por trás do Shabat
Aqui estar importância que o Eterno destina ao Shabat, o dia que Ele separou desde a fundação do mundo para que possamos serví-Lo. A Midrash nos traz um conceito belíssimo sobre o Shabat, que cito aqui (o texto é tradução do rabino Meir Matziliah Melamed):
“O Shabat é um dia em que se renuncia ao domínio sobre nosso mundo particular. É um dia para se pensar e crescer, para falar com as pessoas por que elas são pessoas, de cantar com a família à mesa, de orar junto com os vizinhos, de elevar o espírito e os ideais, de ficar mais íntimo da verdade e da beleza, de concentrar-se nas questões maiores da vida e aproximar-se de YHWH”.

E então veio Amalek
No final deste estudo, vemos que Amalek se levanta contra os filhos de Israel. Sabemos que no hebraico as letras têm valor numérico, e que muitas vezes os números possuem simbolismo importante (exemplo: 7, 12, 40, etc.) Segundo a Gematria, o valor numérico de “sufek” (“dúvida”) e de “Amalek” é o mesmo (ambos 240).
Isto nos demonstra que Amalek se levantou justamente porque Israel duvidou do Eterno. Veja que o problema não foi à insegurança, nem o medo, mas o questionar ao Eterno. Essa dúvida que nos faz questionarmos ao Eterno é uma fraqueza espiritual. Isto condiz com o que encontramos na B'rit Chadashá em l Kefá (Pedro) 5.8:
Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, HaSatan, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar.
O Adversário procura em nós fraqueza para se levantar contra nós. Cabe a nós então sempre confiarmos no Eterno, apesar de nossos medos e dificuldades.

A importância de um líder
Uma das perguntas que nos fazemos neste estudo é: Por que Moshe tinha que levantar os braços para que Israel prevalecesse em sua luta com Amalek?
A tradição judaica nos dá a resposta:
O Talmud nos conta (Rosh Hashanah 3:8) que quando Moshe levantava os braços, ao vê-lo sentiam-se encorajados, pois Moshe apontava para o alto (simbolizando o Eterno) e eles elevavam os olhos e submetiam os seus corações ao Eterno. Quando Moshe não erguia os braços, eles não o viam e se deixavam levar por sua falta de fé, e por isto acabavam sendo vencidos.
Isto nos demonstra a importância de um líder estar sempre motivando e encorajando o povo, e apontando sempre para o Eterno, a fim de que o povo possa confiar e ter fé. Um líder desmotivado pode trazer derrota espiritual ao seu rebanho.
Portanto, líderes, é importante orar para que YHWH possa sempre conceder a vocês forças para que mantenham os “braços erguidos”.

Leitura para esta parasha:
Jz 4.4-5.31
Jo 6.22-40
Salmo 66