sábado, 30 de julho de 2011

Confabulando

O ERRO DA MODERNIDADE


Estava lendo e meditando nesta famosa passagem do Fausto, de Goethe:

‎"No princípio era o Verbo. É esta a letra expressa;
aqui está... No sentido é que a razão tropeça.
Como hei-de progredir? há ’í quem tal me aclare?
O Verbo!! Mas o Verbo é coisa inacessível.
Se apurar a razão, talvez se me depare
para o lugar de Verbo um termo inteligível...
‎...Ponho isto: No princípio era o Senso... Cautela nessa primeira linha; às vezes se atropela a verdade e a razão co’a rapidez da pena;
pois o Senso faz tudo, e tudo cria e ordena?...
É melhor No princípio era a Potência... Nada!
Contra isto que pus interna voz me brada.
(Sempre a almejar por luz, e sempre escuridão!)...
‎..... Agora é que atinei: No princípio era a ação!".
Fausto, Quadro IV, Cena I. Segundo alguns autores, Fausto não queria saber muito, mas tudo. É claro que a missão fracassara antes de se efetivar e Goethe parece mostrar isto bem, quando, anteriormente, mostra-nos o personagem principal quase cometendo suicídio. O drama de Fausto é o drama moderno: vê-se o personagem indo da admiração à dúvida, da dúvida ao devaneio, do devaneio à indiferença, e desta à apatia. Apatia é como um dia nublado que teima em ficar. Talvez fosse esta a crítica de Goethe. A modernidade culminaria proclamando, apaticamente, a "morte de Deus", com Nietzsche.
A Modernidade passou. Nietzsche morreu. Fausto errou. Deus permanece.
Abraços.
Pr. Artur Eduardo

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