terça-feira, 24 de janeiro de 2012

AS ONGS, GOVERNISTAS NÃO VÃO DIZER NADA?

Alo dirigismo petralha, !! ehhh.

Por tio REI....

Aula prática de mau e de bom jornalismos - “PM do PSB e do PT deixa estudante negro do Piauí cego de um olho; Gilberto Carvalho e Maria do Rosário fingem que nada aconteceu”


estudante-cego
É Hudson Silva. Ele estuda filosofia na Faculdade Federal do Piauí e participava de uma das manifestações organizadas em Teresina contra a elevação da tarifa de ônibus. Fragmento de uma bomba de efeito moral usada pela PM para reprimir o protesto — violento, é bom que fique claro — o deixou cego do olho direito.
Agora vamos ao título lá do alto. O que lhes parece? Imito o procedimento das milícias esquerdopatas que atuam nas redes sociais e nos sites e portais da grande imprensa (aliás, nas redações também!). É claro que se trata de uma partidarização detestável do fato. O grave, meus caros, é que a imprensa por enquanto séria está se deixando contaminar por essa prática — desde, é claro, que o partido atacado não seja, como é o caso, de esquerda.
Acompanhem. Foi parar no Jornal Nacional o conflito entre um PM e um estudante invasor da USP — que lhe disse algo inaudível no vídeo, que o deixou furioso. Já escrevi mais de uma vez que o comportamento do policial foi inaceitável. O estudante em questão é um notório militante pró-invasão. Tocava, junto com outro invasor, um bar — isto mesmo!!! — na área pública invadida. Não saíram uma palavra e uma linha na chamada grande imprensa sobre a privatização do espaço público. Mais: foi parar em rede nacional a acusação de racismo. Afinal, o estudante é mestiço — nota: ele não era o único do grupo, como acusou um certo frei. Voltemos agora ao Piauí.
A manchete lá do alto, obviamente distorcida, é construída a partir de fatos, a saber:
1) O Piauí é governado por PSB e PT;
2) a PM do Piauí está, pois, sob o controle desses dois partidos;
3) houve um choque entre estudantes e PM;
4) fragmento de uma bomba de efeito moral deixou cego de um olho o estudante Hudson Silva;
5) Hudson Silva é, segundo os critérios adotados pelos militantes, negro — tão negro como o tal estudante da USP;
6) os dois ministros petistas não disseram mesmo nada a respeito.
Tudo isso é verdade. Mas é evidente que o título lá do alto força a barra, não é? É evidente que ele não é exemplo de bom jornalismo. Afinal:
1 - A PM está sob a gestão de um governo do PSB-PT, mas não é uma “polícia do PSB-PT”, e sim do estado do Piauí;
2 - o estudante que ficou cego de um olho é mestiço (os racialistas o chamam “negro”), mas não há a menor evidência de que jogaram uma bomba perto dele por isso — como não há a mais remota evidência de que o policial da USP se indispôs com aquele invasor por causa da cor de sua pele;
3 - ministros não têm a obrigação de ficar se pronunciando sobre confrontos que ocorrem nos estados;
4 - a formulação faz crer que a PM tem a intenção deliberada de ferir manifestantes;
5 - não fica claro, em nenhum momento, que a PM reagia a um protesto violento.
Este jornalista tem lado, sim!
Sim, eu tenho lado! O jornalismo “nem-nem” sempre me causou repulsa. Hoje, nem mais isso ele é. E qual é o meu lado? É o de algum partido? Uma ova! Sou aborrecidamente defensor da legalidade democrática. E parto do princípio de que a imprensa séria também. Ou não? Há casos que requerem conversa, e há casos que requerem polícia. Não se deve usar polícia quando é para conversar e conversa quando é para usar a polícia. “Ah, em conflitos sociais, sempre se deve bate papo”…  Desde que os manifestantes não decidam que incendiar ônibus é uma forma de diálogo. Desde que os manifestantes não formem uma tropa de choque particular para enfrentar a ordem.
Alguns idiotas lotados mesmo na grande imprensa pretendem, para me desqualificar, que eu seja uma espécie de “outro lado” (sempre essa perspectiva) dos blogueiros a soldo do oficialismo, alimentados por estatais. Podem me detestar à vontade (aliás, quanto mais batem, mais cresço), mas saibam ao menos odiar. Errado! Eu não recebo dinheiro público, da administração direta ou de estatais. Mais ainda: também não lido, como Nelson Breve, com a grana que pertence a todos os brasileiros. Ainda que eu fizesse o trabalho sujo que fez a EBC, mas do “outro lado”, seria um caso diferente. Só que eu não faço.
Quando os subordinados de Breve puseram no ar aquela mentira sobre mortos no Pinheirinho, estavam fazendo um trabalho partidário. Ocorre, e eis a sem-vergonhice essencial do procedimento, que nem todos os brasileiros são petistas ou de esquerda. Usar o recurso que é de todo mundo para veicular um ponto de vista que é de um grupo, e ainda ancorado numa mentira, é prática de tiranos.
Um peso, duas medidas
NÃO, EU NÃO COBRO QUE A CHAMADA GRANDE IMPRENSA FAÇA COM OS PARTIDOS DE ESQUERDA O QUE AS ESQUERDAS FAZEM COM OS PARTIDOS QUE DIZEM SER DE DIREITA (JÁ QUE NÃO SÃO…). Cobro, isto sim, é que não se usem para uns e outros um peso e duas medidas.
Alguma emissora de televisão se interessou em conversar com o estudante do Piauí, que ficou cego de um olho? Alguma entidade de defesa dos negros acusou a prática de racismo? Alguém se lembrou de perguntar se houve ou não exageros da PM (o mesmo se diga de Pernambuco e Espírito Santo, também governados pela dupla PSB-PT)? Por que um “negro da USP” é uma causa — adotada até pela grande imprensa —, mas um “negro do Piauí” não interessa a ninguém? Será que as forças ainda dispostas a enfrentar o petismo terão, também elas, de criar uma máquina de mentiras e distorções para enfrentar a outra máquina de mentiras e distorções?
Acho este post muito importante porque ele destrincha os passos da manipulação da notícia. A grande imprensa, com raras exceções, está se tornando refém das ONGs e dos grupos organizados de pressão. Como eles correram para condenar a ação do PM na USP, acusando até racismo, o jornalismo foi atrás. Como eles ignoraram os eventos do Piauí, de Pernambuco e do Espírito Santo (afinal, os petistas financiam boa parte das entidades e as dirigem), então a grande imprensa faz o mesmo.
Tenho a impressão, às vezes, de que a chefia de reportagem de jornais, sites e portais desapareceu e é exercida hoje por alguns coronéis das redes sociais.
Por Reinaldo Azevedo

 

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