Para ler e entender, e não ser mantido em esquecimento!
Celso Daniel: dez anos e oito cadáveres depois. Ou: Bruno Daniel, Gilberto Carvalho e José Dirceu
Nesta
quarta, o seqüestro do então prefeito de Santo André, Celso Daniel,
completa dez anos. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado numa
estrada de terra em Juquitiba. Desde aquele dia, tem-se uma fila imensa
de cadáveres e poucas respostas. A tese do Ministério Público é a de que
Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema
instalado na própria Prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar
recursos para o PT. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do
prefeito, é acusado de ser o mandante.
Até agora, o
único condenado é Marcos Roberto Bispo dos Santos, o Marquinhos. O
julgamento aconteceu no Fórum de Itapecerica da Serra. Adriano Marreiro
dos Santos, seu advogado, diz que seu cliente confessou sob tortura. O
Ministério Público reuniu evidências de que ele dirigiu um dos carros
que abalroou a picape em que Celso estava, encomendou o roubo de outro
veículo que participou da operação e conduziu a vitima da favela
Pantanal, em Diadema, para Juquitiba, onde foi assassinada.
Bruno
Daniel, um dos irmãos de Celso, afirma que, no dia da Missa de Sétimo
Dia, Gilberto Carvalho, hoje secretário-geral da Presidência do governo
Dilma, confessou que levava dinheiro do esquema montado na Prefeitura
para a direção do PT. Carvalho lhe teria dito que chegou a entregar R$
1,2 milhão ao então presidente do partido, José Dirceu. Carvalho e
Dirceu negam. Bruno e sua família são os únicos brasileiros na França
que gozam do estatuto oficial de “exilados”. Tiveram de deixar o país,
ameaçados de morte. Francisco, o outro irmão, também teve de se mandar.
Eles não aceitam a tese de que o irmão foi vítima de crime comum.
O
ressentimento de Bruno - ele e a mulher eram militantes do PT - com o
partido é grande. Ele acusa os petistas de terem feito pressão para que a
morte fosse considerada crime comum. Outro alvo seu é o advogado Luiz
Eduardo Greenhalgh, então deputado federal pelo partido. Greenhalgh
acompanhou a necropsia do corpo e assegurou à família que Celso não
tinha sido torturado, o que foi desmentido pelo legista Carlos Delmonte
Printes em relato feito à família. A tortura é um indício de que os
algozes do prefeito queriam algo mais do que seqüestrá-lo para obter um
resgate, o que nunca foi pedido. Por que Greenhalgh afirmou uma coisa, e
o legista, outra? Difícil saber: no dia 12 de outubro de 2005, Printes
foi encontrado morto em seu escritório. A perícia descartou morte
natural e não encontrou sinais de violência. A hipótese de envenenamento
não se confirmou. Não se sabe até agora o motivo.
Todos os mortos
A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do seqüestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do seqüestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.
A lista de mortos ligados ao caso impressiona. Além do próprio Celso, há mais sete. Um é o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que serviu o prefeito e Sérgio Sombra no restaurante Rubaiyat em 18 de janeiro de 2002, noite do seqüestro. Foi assassinado em fevereiro de 2003. Trazia consigo documentos falsos, com um novo nome. Membros da família disseram que ele havia recebido R$ 60 mil, de fonte desconhecida, em sua conta bancária. O garçom ganhava R$ 400 por mês. De acordo com seus colegas de trabalho, na noite do seqüestro do prefeito, ele teria ouvido uma conversa sobre qual teria sido orientado a silenciar.
Quando foi
convocado a depor, disse à Polícia que tanto Celso quanto Sombra
pareciam tranqüilos e que não tinha ouvido nada de estranho. O garçom
chegou a ser assunto de um telefonema gravado pela Polícia Federal entre
Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza
(PT), oito dias depois de o corpo de Celso ter sido encontrado. “Você
se lembra se o garçom que te serviu lá no dia do jantar é o que sempre
te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de
costume”, respondeu Sombra.
Vinte dias depois da morte de Oliveira, Paulo Henrique Brito,
a única testemunha desse assassinato, foi morto no mesmo lugar com um
tiro nas costas. Em dezembro de 2003, o agente funerário Iran Moraes Rédua
foi assassinado com dois tiros quando estava trabalhando. Rédua foi a
primeira pessoa que reconheceu o corpo de Daniel na estrada e chamou a
polícia.
Dionízio Severo,
detento apontado pelo Ministério Público como o elo entre Sérgio
Sombra, acusado de ser o mandante do crime, e a quadrilha que matou o
prefeito, foi assassinado na cadeia, na frente de seu advogado. Abriu a
fila. Sua morte se deu três meses depois da de Celso e dois dias depois
de ter dito que teria informações sobre o episódio. Ele havia sido
resgatado do presídio dois dias antes do seqüestro. Foi recapturado. O
homem que o abrigou no período em que a operação teria sido organizada, Sérgio Orelha,
também foi assassinado. Outro preso, Airton Feitosa, disse que Severo
lhe relatou ter conhecimento do esquema para matar Celso e que um
“amigo” (de Celso) seria o responsável por atrair o prefeito para uma
armadilha.
O investigador do Denarc Otávio Mercier,
que ligou para Severo na véspera do seqüestro, morreu em troca de tiros
com homens que tinham invadido seu apartamento. O último cadáver foi o
do legista Carlos Delmonte Printes. Perderam a conta? Então anote aí:
1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.
2) Antonio Palacio de Oliveira : garçom. Assassinado em fevereiro de 2003
3) Paulo Henrique Brito : testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003
4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado - dezembro de 2003
5) Dionizio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado - abril de 2002
6) Sérgio Orelha: Amigo de Severo. Assassinado em 2002
7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.
8 ) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005.
1) Celso Daniel : prefeito. Assassinado em janeiro de 2002.
2) Antonio Palacio de Oliveira : garçom. Assassinado em fevereiro de 2003
3) Paulo Henrique Brito : testemunha da morte do garçom. Assassinado em março de 2003
4) Iran Moraes Rédua: reconheceu o corpo de Daniel. Assassinado - dezembro de 2003
5) Dionizio Severo: suposto elo entre quadrilha e Sombra. Assassinado - abril de 2002
6) Sérgio Orelha: Amigo de Severo. Assassinado em 2002
7) Otávio Mercier: investigador que ligou para Severo. Morto em julho de 2003.
8 ) Carlos Delmonte Printes: legista encontrado morto em 12 de outubro de 2005.
PS : Evitem acusações nos comentários, ainda que a vontade seja grande, ok?
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