segunda-feira, 9 de maio de 2011

Este lugar


De repente me dou conta de que sou feliz por ter este lugar. O outro lê, acompanha as palavras e me olha pouco compreendendo, achando legal, mas nada lógico. Talvez pense que é como gostar de futebol ou churrasquinho. Eu poderia explicar, mas não tenho paciência. Há coisas que ou se sabe, ou não. E muitas delas vão se revelando ao longo da vida, para cada um no seu tempo. Mas o fato, o fato importante mesmo, é que abril termina e este mês foi de poucas palavras. Maio promete, mês com seus mistérios. Há uma Tarde de Maio eternizada, e todo um Oráculos de Maio para sempre ressoando na infinitude dos tempos. Quero dizer, apenas, que as palavras se devoram, como em um grande banquete. Porque há uma chama que nunca se apaga, ainda que por vezes se arrefeça, cozinhando a beleza que se come, nutrindo a alma e também o corpo. É visceral, entende? Que fique, ao menos, afixada neste mural, nos últimos dias de abril, a dádiva que é existir este lugar, onde depositamos as pequenas partículas que vão se condensando de nossa experiência. Porque hoje viver é isso: é ir experimentando estar vivo, pelo pequeno buraco da nossa fechadura. E o que mais quero na vida é sentir o cansaço diário do duro trabalho, numa cama que me acolha. Tem paz maior que esta? Só bem cansados é que damos conta de ser feliz... Que venha maio! Esperança singela de dia seguinte. Tudo vai acontecer em maio. Deixemos os anseios e os sonhos para maio. Basta, agora, estar unido a este dia vinte oito, a esta hora da tarde. Só isto basta, é o que tenho e registro: a curta expressão deste minuto, que desde já, permanece neste lugar. Agora devo voltar ao livros, minha ocupação laboral. Que a testa já pede suor e o relógio aponta a disciplina. Que alegria é ter um dever com hora marcada e metas a cumprir! Nascemos para isso. Sem meta a vida desencanta, o leite coalha, a massa desanda, como diria minha vó.  
      

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