segunda-feira, 2 de maio de 2011

O pranto da Casa de Yehudá


Trinta histórias verídicas sobre a escravidão ao sistema religioso

Muitos dos que, pela Internet, se encantam pelo Judaísmo Rabínico, não têm a oportunidade de conhecê-lo de perto, e ver o que representa. Por esta razão, desenvolvem uma ideia idealizada do Judaísmo, um fascínio que muitas vezes não encontra eco na realidade dos fatos.
Como judeu, e pessoa que tem pleno acesso à comunidade judaica, resolvi discorrer um pouco exatamente sobre o que é a realidade.
E a realidade é que a Casa de Yehudá (Judá), o povo judeu, está adoecido espiritualmente, e é vítima da escravidão de um sistema religioso opressor, que o afasta de Elohim e da Torah (e isso sem nem mesmo entrar no mérito da questão de Yeshua) e o subjuga a um sistema pautado fundamentalmente em misticismo e doutrina de homens.
Não é culpa do rebanho, e sim do sistema religioso daqueles que deveriam guiar o povo aos pastos dos caminhos de Elohim, mas não o fazem.
É importante, inclusive, discernir o povo da prática religiosa que o aprisiona, e do qual ele é vítima. Não apenas para auxiliá-lo a voltar aos caminhos de Elohim, como também para percebermos que o Judaísmo Bíblico de Yeshua não é esse sistema aprisionador, e que é um engano mortífero achar que, baseando-se no Judaísmo Rabínico, que é a pedra de tropeço de Yehudá, é fazer teshuvá (retorno) à Torah e à identidade israelita dos tempos antigos. Não é.

Quem tem a oportunidade de observar de perto a comunidade judaica, percebe que a realidade que ela vive não é muito diferente da realidade da comunidade católica (pelo menos, no Brasil): Pouca assiduidade religiosa, e muito secularismo. Muita gente que só é religiosa de boca. E a maioria conhece muito mais sobre as regras e doutrinas de suas instituições do que das Escrituras que dariam base a elas.
Não à toa, Yeshayahu (Isaías) diz:
“Porque YHWH derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, vendou os profetas, e os vossos principais videntes. Por isso toda a visão vos é como as palavras de um livro selado que se dá ao que sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não posso, porque está selado. Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Lê isto, peço-te; e ele dirá: Não sei ler. Porque Adonai disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído.” (Yeshayahu/Isaías 29:10-13)
O que relatarei abaixo são trinta casos verídicos - apenas os nomes e alguns detalhes menores foram alterados, para que a privacidade das pessoas fosse preservada. Eles demonstram o quão distante da Torah está o ensinamento que é transmitido ao nosso povo, ao meu povo, e o quanto Yehudá (Judá) clama a Elohim por salvação, e precisa de Yeshua.
Os casos abaixo não foram escritos sem muita lágrima, mas que sirvam de inspiração para que possamos levar adiante a mensagem da verdadeira Teshuvá:

1) Carro x Maratona
Certa vez, o rabino Mario, de uma importante sinagoga, adoeceu, e permaneceu internado em um hospital que ficava a cerca de cinco quilômetros de distância da sinagoga. No Shabat, uma turma resolveu visitá-lo. João foi impedido de ir, pois queria ir de carro, visto que os dois últimos quilômetros eram de uma subida interminável e muito íngreme. Os que quiseram visitá-lo nesse momento delicado foram obrigados a caminharem dez quilômetros debaixo do sol, para irem e voltarem do hospital no Shabat.

2) Diferença entre Natural e Enxertada
Miguel estava em dúvida sobre sua vida amorosa. Ele havia conhecido Amanda, uma jovem por quem se apaixonara. Essa jovem possuía ascendência judaica mais distante, mas estava muito interessada em seguir a Torah e o Judaísmo, de Shabat a kashrut, tudo ela estava disposta a fazer. Pelos critérios bíblicos, ela já estaria inserida no povo de Israel ao desejar unir-se a ele. Mas, a ortodoxia tem exigências muito diferentes. Por pressão de seus amigos, que não desejavam vê-lo se casar com uma “goyá”, Miguel conheceu Elisa.
Uma jovem judia bissexual que logo de cara o seduziu, levando-o a ter relações com ela. Além de fumar e beber compulsivamente, essa jovem já havia dito a Miguel literalmente que rejeitava a Torah. Desolado e confuso, Miguel foi procurar o rabino ortodoxo de sua comunidade, e contou toda a situação, e como estava dividido entre seu amor por Amanda e a sedução e a pressão social de Elisa. O rabino o aconselhou a escolher Elisa, por ser judia, dizendo que o importante era casar-se com uma judia.

3) Uma Judia Cortada
Manuela, filha de pai judeu (e portanto biblicamente judia), conheceu seu amigo Carlos na escola judaica liberal onde estudava. Carlos a convidou para o Kiruv, um projeto que dá aulas de religião a jovens judeus. Manuela foi na primeira aula e ficou animadíssima. Lá, preencheu uma ficha com seus dados pessoais e foi tratada com sorrisos e gentilezas pelo rabino local.
Dois dias depois, recebeu ligação da secretária do rabino, pedindo a ela que não retornasse à sinagoga, pois não era judia. Carlos tentou intervir junto ao rabino por sua amiga, mas o rabino foi irredutível. Depois disso, Manuela, biblicamente judia, nunca mais quis saber da Torah ou do Judaísmo. Como o caso de Manuela, na comunidade escuta-se dezenas de tais casos a cada ano.

4) O Goy e a Alma Animal
Durante uma aula de Kiruv em uma sinagoga chassídica, Carlos também ouviu alguns ensinamentos bastante interessantes. Dentre eles, o de que um goy só tem “alma animal”, isto é, não possui a “alma divina” que supostamente seria concedida somente aos judeus. Os goyim, dentre os quais se incluem não apenas os descendentes das dez tribos, como ainda os que são judeus por lado paterno unicamente, também não teriam livre arbítrio, e a eles seria dado apenas fazer aquilo que o destino lhes traçara.

5) Astrologia Intensiva
O uso da Astrologia também é constante e feito abertamente. Em um Shabat, o rabino Moisés anunciava animadamente a palestra que seria feita na quarta-feira seguinte: A Mazal de Libra e o Congresso Nacional. Nela, o rabino explicaria como a mazal (signo/constelação) de Libra estaria influenciado os episódios do mensalão. Dias depois, não muito longe, em um espaço para jovens judeus, um aluno de Yeshivá dava aulas sobre como as mazalot (signos/constelações) não tinham influência sobre o destino de Israel, mas influenciavam as outras nações, e as pessoas ao redor dos judeus.

6) A Consulta ao Morto
Miquéias estava passando por uma situação de vida extremamente delicada, e, inconsolável, foi procurar o Beit Chabad mais próximo, e agendou um horário com o rabino, pedindo a ele que desse conselhos baseados na Torah. O rabino, então, sugeriu a ele que dirigisse suas perguntas ao falecido Lubavitcher Rebbe, o messias da Chabad Lubavitch. Essa forma de necromancia funcionava da seguinte maneira: Miquéias deveria escrever uma carta, assinando-a com o seu nome judaico, porém escrever “Ben” e o nome de sua mãe, ao invés do nome de seu pai.
Essa carta seria uma pergunta direta ao Lubavitcher Rebbe sobre a situação corrente. A carta então deveria ser colocada aleatoriamente dentro de um volume das Igrot Kodesh - um compêndio de correspondências do Lubavitcher Rebbe contendo respostas a seus seguidores. Após isso, Miquéias deveria abrir o volume e ler o texto que estivesse adjunto à carta, que seria uma suposta resposta às suas indagações. Miquéias fez três tentativas, mas não obteve resposta à sua pergunta, embora tenha “recebido do Rebbe” o conselho de fundar uma Yeshivá em país estrangeiro.
Depois disso, Miquéias ficou descrente do Judaísmo.

7) Louvando a um Falso Messias
Todo Shabat, nas sinagogas do Chabad, em dado momento do serviço de Cabalat Shabat, os homens são instigados a darem voltas em torno da bimá e cantarem: “Yehi Adoneinu Moreinu veRabeinu Melech haMashiach leolam vaed.” Literalmente, “Eis o nosso Senhor, nosso Mestre e nosso Rabi, o Rei Messias pela eternidade.” Essa entoação é dirigida ao Lubavitcher Rebbe. A frase também se encontra bordada em muitas das kipot que os visitantes devem trajar, caso não tenham vindo com kipá. Os frequentadores assíduos também são encorajados a usarem tais kipot.

8) Baruch atá John Lennon?
Cansado da mesmice ortodoxa, Rodrigo resolveu passar um Shabat em uma sinagoga liberal. Ao chegar no local, a rabina estava ao piano, pouco antes do serviço, tocando um prelúdio interessante: a música Imagine, de John Lennon. Essa música começa com a seguinte frase: “Imagine que não há céu, é fácil se você tentar. Nenhum inferno abaixo de nós, acima de nós, somente o firmamento.” Será que uma música que nega a existência do céu (e no inglês, “heaven” é usado para se referir ao trono do Eterno) é a melhor música para introduzir um serviço?
Posteriormente no serviço, a mesma rabina diria: “A Torah diz isso e isso sobre a parashá, mas eu não concordo.”

9) Desistindo da Kashrut
Em uma aula, Michel indagou a um rabino sobre kashrut, pois desejava seguir as leis alimentícias da Torah. Michel, que trabalhava numa região onde não havia nenhum restaurante casher próximo, indagou se seria preferível comer bife bovino a comer carne de porco. O rabino respondeu que não faria nenhuma diferença, já que o bife bovino que não fosse abatido segundo as leis talmúdicas não seria casher.
Como muitos que assistiam àquela aula, Michel entendeu que para ser casher, era preciso abastecer a casa somente com produtos vistoriados por rabinos - normalmente caríssimos - e comer somente em restaurantes da comunidade, cujo número se conta nos dedos. Sendo assim, acabou desistindo de tentar ter uma alimentação segundo a Torah.

10) Matsá com Presunto
Semelhantemente ao caso de Michel, Jorge também chegou à conclusão de que não seria capaz de observar as leis da kashrut - especialmente porque seus pais não compravam produtos supervisionados para a sua casa, e Jorge morava com eles. Porém, Jorge procurava seguir alguma coisa ou outra de religião, dentre elas chag hamatsot (a festa dos pães ázimos.) Durante esse período, Jorge levava para a escola sanduíches de matsá (pão ázimo) com queijo e presunto.

11) Vendendo para o Goy
E por falar em chag hamatsot (festa dos pães ázimos), Simão indagou ao rabino Josué o porquê de ter que, durante a festa, colocar os produtos com chamets (levedo) num armário e lacrá-lo. O rabino mostrou a ele a passagem da Torah que afirma que os filhos de Israel não deveriam ter chamets (levedo) em seus lares durante a festa. Simão então perguntou se o correto não seria remover tais coisas de sua casa.
O rabino informou que isso não era necessário: bastava colocar tais coisas nos armários e fazer, com um rabino, um certificado de compra e venda, vendendo o chamets (levedo) para um goy durante a festa, e recomprando-o imediatamente depois da festa pelo mesmo valor.

12) O Shabes Goy
A pessoa que assinaria esse certificado seria Manuel, um típico funcionário de uma sinagoga ashkenazi. Para Manuel, o dia mais trabalhoso é o Shabat. Ele é um “shabes goy” - um não judeu que é chamado a trabalhar no Shabat, apesar do que diz a Torah a esse respeito. No Shabat, ele é chamado pelos frequentadores da sinagoga para tarefas tais quais ligar ou desligar o ventilador, acender a luz do banheiro que alguém inadvertidamente desligou, aquecer no fogo o jantar e servi-lo à mesa dos que lá estiverem, retirar o jantar, limpar a sinagoga, e repetir a dinâmica durante o dia seguinte.
Manuel não sabe disso, mas para que ele possa trabalhar no Shabat pela halachá ortodoxa, ele não deve receber a mais por esse dia de serviço, é praticamente como se trabalhasse de forma gratuita e voluntária. Se soubesse que tem essa opção, talvez Manuel fizesse outra escolha. Evidentemente, contudo, ele acabaria sendo substituído.

13) Modismo ou Torah?
No serviço de Yom Kipur, onde a maioria dos homens levou seu próprio talit, Roger viu pela primeira vez um talit com t’chelet (fio azul), conforme a Torah determina que sejam os tsitsiyot (franjas). Roger então se aproximou do rabino e perguntou o porquê daquele fio, que ele havia achado belo. A resposta que recebeu foi de que aquilo era invenção e um novo modismo em Israel, mas que ele (Roger) deveria usar fios brancos.

14) Misticismo no lugar da Torah
Paulo chegou à sinagoga e perguntou ao rabino o que deveria fazer, visto que ele havia crescido num lar secular, e desejava aprender um pouco mais sobre a fé judaica, com a qual ele tinha pouca familiaridade. O rabino então sugeriu que ele assistisse a umas aulas de chassidut, isto é, do estudo de material escrito por místicos cabalistas. Nas sinagogas chassídicas, é comum que esses ensinamentos sejam estendidos até aos recém-chegados. Paulo aprendeu bastante sobre Cabalá, mas não encontrou quem lhe ensinasse a Torah.

15) A outra Torah Chassídica
Em outra sinagoga chassídica, após o almoço de Shabat, José literalmente ouviria do rabino local que o Tanya, obra mística escrita pelo Rebbe Shneur Zalman de Liadi, fundador do Chabad, era a Torah da Chassidut. Ele ainda ouviria uma parábola sobre um rei que utilizaria uma pérola caríssima para dar de remédio ao filho enfermo, cuja moral era a de que a Cabalá chassídica era o último recurso enviado pelo Eterno para salvar Israel do secularismo.

16) O Rebbe é o Eterno?
O mesmo José, dias depois, questionaria esse rabino sobre os seguidores do Chabad que adoravam ao Lubavitcher Rebbe como se o mesmo fosse o próprio Eterno. O rabino desconversaria, dizendo a ele que deixasse esse assunto de lado. Não é raro ouvir rabinos do Chabad dizendo que o Rebbe movia a boca, mas o som que saía era produzido pelo próprio Eterno.

17) Canto Imoral?
Satisfeito por ter ganho o seu primeiro CD de música judaica, entoadas por uma cantora, João foi advertido pelo rabino de sua sinagoga que o CD era imoral, pois era uma imoralidade um homem ouvir uma mulher cantar. Depois, ao arrumar um CD de música tradicional cantada por um homem, João foi advertido de que deveria cuidar para não pronunciar os nomes e títulos do Eterno ao cantar em seu dia-a-dia. Diante do medo de fazer algo de errado, João desistiu de ouvir canções judaicas de conteúdo bíblico.

18) Trabalhar pode; Escrever não
Nelson trouxera pela primeira vez um convidado a uma sinagoga no Shabat e ambos conversavam durante o kidush. Do outro lado do salão, o rabino dava instruções ao empregado que deveria servir o jantar. Ao ver Nelson escrevendo uma nota para o seu convidado em um pedaço de papel, o rabino largou o empregado de lado, e veio literalmente correndo na direção de Nelson, para advertí-lo que (supostamente) não era lícito escrever no Shabat.

19) Goy Expulso
Em sua primeira visita a uma sinagoga de seu bairro, Renato chegou ao serviço muito cedo, e só havia uma pessoa no local: Um rapaz negro, que inclusive trajava tsitsiyot (franjas) nas vestes. Como praticamente não existem negros judeus no Brasil, quando o rabino e alguns congregantes chegaram, imediatamente o rabino, delicadamente, convidou o rapaz a se retirar.
O rapaz explicou que estava aprendendo a Torah e desejava auxílio. O rabino manteve que, infelizmente, o serviço era apenas para judeus, apesar dos muitos protestos de alguns congregantes (não-ortodoxos) que ele queria aprender. Estranhamente, são justamente os menos ortodoxos da comunidade judaica (que, felizmente, é a sua maioria) que são mais receptivos e amorosos para com aqueles que desejam se achegar a ela. Ainda assim, esbarram sempre nas regras da halachá ortodoxa.

20) Só se não casar
Miriam e sua irmã desejavam frequentar uma sinagoga ortodoxa. Seu pai era judeu, e sua mãe convertida por uma sinagoga liberal. Elas foram a diversas sinagogas antes de conseguirem ser aceitas. Na maioria dos lugares, os rabinos temiam que elas, ambas bem jovens, pudessem se casar com rapazes judeus, e sendo assim esses últimos não seriam considerados judeus. Só puderam frequentar uma sinagoga um pouco mais aberta, depois de se comprometerem com o rabino que não iriam se envolver amorosamente com ninguém sem passarem por processo de conversão ortodoxa.
Mesmo que desejassem se casar com um judeu secular, que comesse comidas imundas e não cumprisse o Shabat (por exemplo), Miriam e sua irmã só poderiam fazê-lo caso se tornassem ortodoxas. A maioria dos próprios judeus da comunidade não suportaria as pressões e exigências que são feitas para que um convertido venha a ser aceito.

21) Shabat Impossível?
Antonio desejava cumprir o Shabat. Após ter lido na Torah sobre a importância do mesmo, resolveu que seria um Shomer Shabat (guardião do Shabat.) Foi então exposto às exigências ortodoxas, que incluíam um sem-número de rezas feitas de forma dobrada no Shabat, o aguardar os quarenta minutos após o pôr-do-sol para poder sair; ter que dormir na sinagoga pois não poderia ir de carro para lá; não picotar papel higiênico, não acender luzes, nem uma série de outros elementos proibidos pela halachá ortodoxa.
Após dois meses, e sofrendo a pressão de sua família que queria que ele passasse o jantar de Shabat com eles em casa, Antonio desistiu completamente. Hoje, Antonio usa o sábado para ir ao shopping, cinema, etc. Como não conseguiu ser Shomer Shabat, Antonio não vê sentido em se abster de fazer tais coisas. Ele continua indo às sinagogas na noite de sexta, mas afirma que não deseja mais ser radical.

22) A Religiosidade acima do Amor ao Próximo
Ricardo tem um grupo musical. Nos dias de festas bíblicas, Ricardo se apresentava com seu grupo em um lar para idosos judeus. Essa prática levava esses idosos, que muitas vezes não tinham família nem amigos, às lágrimas de emoção. Ao comentar sobre o fato em sua sinagoga local, Ricardo foi repreendido pelo rabino, que afirmou ser proibido tocar instrumentos no Shabat. O rabino disse a ele que era melhor não fazer nada, do que fazer dessa forma. Felizmente, Ricardo ignorou a advertência do rabino ortodoxo e continua a fazer o seu trabalho junto aos idosos.

23) Mortos Sofrendo
Os avós de Letícia haviam falecido há alguns anos. Sua família não era religiosa, e portanto nada fez de cerimônia póstuma. Em uma aula numa sinagoga, o rabino levou Letícia às lágrimas ao dizer que precisavam urgentemente rezar o Kadish dos Enlutados em intenção de suas almas, caso contrário as mesmas poderiam estar sofrendo neste mundo. Letícia foi encorajada a, frequentemente, fazer o kadish por eles, de modo a ajudá-los a ascender às regiões celestiais.
De forma semelhante, todos os dias Vitor recita duas vezes o Shemá, uma por si próprio, e outra para o mérito de um amigo de infância que falecera. Ele foi ensinado pelo rabino de sua sinagoga que poderia fazer boas ações em favor dos mortos, para que os mesmos possam atingir níveis melhores de espiritualidade no mundo celestial. Bem intencionado, Vitor nunca deixa de fazer tais coisas.

24) O Rebbe pode; Yeshua não.
Cristina namorava um judeu que frequentava sinagoga messiânica. O rabino da sinagoga ortodoxa onde ia disse a ela que não deveria se envolver com esse rapaz. Um amigo que frequentava o Chabad então deu a ela um “santinho” do Rebbe com a palavra “Mashiach” (Messias) escrita em letras garrafais. A sinagoga de Cristina fazia grande oposição ao Chabad.
Ela levou esse “santinho” ao rabino de sua sinagoga ortodoxa, e perguntou qual era a diferença entre um caso e outro, a saber, entre crer no Rebbe e crer em Yeshua. O rabino desconversou, mas confirmou que não se oporia caso ela se envolvesse com alguém que acreditasse no Rebbe, e que tudo poderia ser resolvido ao longo do casamento.

25) Justificando o Injustificável
Thiago, numa aula em dada sinagoga, teve um embate com o rabino chassídico local. Ao lerem a porção da Torah que diz respeito ao fato dos irmãos de Yossef terem-no vendido como escravo Thiago demonstrou grande revolta pelo que foi feito. O rabino tentou justificar com explicações místicas o porquê aquele fato não foi errado, e disse que não era correto questionar patriarcas, pois eram grandes tsadikim (justos). No meio chassídico, é comum que os fatos históricos sejam reinterpretados de modo a enaltecer ou justificar os atos de figuras importantes do passado.
Thiago posteriormente confidenciou ter tomado raiva da Torah, e disse que jamais poderia acreditar naquilo.

26) Misticismo e Superstição
O grau de misticismo, crendice e superstição na comunidade é elevadíssimo, e não poderia ser diferente, uma vez que o Judaísmo Rabínico (especialmente o Ortodoxo) a encoraja ao extremo. É comum que as pessoas não saiam de casa sem seus pingentes com a palavra “chai” (“vida”), seus chaveiros com a Tefilat HaDerech (Oração do Caminho - uma oração para viajantes - não confundir com o Caminho dos seguidores de Yeshua), e existe uma grande paranoia sobre as mezuzot poderem não estar casher.
Histórias sobre pessoas que sofreram infortúnios, perderam grandes quantias de dinheiro, tiveram problemas familiares, ou que adoeceram, porque a mezuzá não estava casher são extremamente comuns na comunidade. Quando algo está errado em casa, e uma pessoa procura um rabino, uma das primeiras perguntas que esse lhe devolve é: “Já verificou sua mezuzá?”

27) Paganismo Tolerável?
Claudio ganhou uma hamsa de presente, aquele famoso símbolo de uma mão, muitas vezes contendo um olho dentro. Pesquisando sobre o símbolo na Internet, descobriu que o mesmo encontrava raízes no paganismo. Resolveu então entrar em contato com um rabino de confiança, a quem perguntou a respeito do símbolo em questão. Ao dizer ao rabino que tinha ouvido falar que o símbolo tinha origem no paganismo, recebeu a seguinte resposta do rabino: “Sim, e daí?”

28) Fugindo da Mesmice
No Shabat, as sinagogas frequentemente têm que promover o que chamam de “Shabaton.” Isto é, são Shabatot especiais, normalmente servindo comidas diferentes. Alguns podem servir fast food, outros fazem uma noite italiana, outros ainda um lual havaiano, e até mesmo apresentações culturais, como k magá, etc. Tudo para tentar atrair os jovens da comunidade.
Não é raro, por esta razão, que os jovens pulem de sinagoga em sinagoga, sempre atrás de mais um Shabaton. Mesmo os jovens que frequentam uma sinagoga assiduamente costumam variar, visitando outros lugares. E a principal razão alegada é sempre a mesma: Ninguém tem paciência por fazer toda a semana exatamente a mesma coisa, repetidamente. Como a liturgia é maçante e nunca varia, os jovens se desestimulam devido à repetição (imagine-se anos e anos repetindo a mesma coisa) e tentam pelo menos mudar de local. Um local diferente, pelo menos, implica em melodias diferentes, ambiente diferente, e pessoas diferentes. O jovem judeu se sente frequentemente sufocado pela liturgia totalmente formatada, e sem espaço para espontaneidade.
Certa vez, o rabino Leon disse em uma sinagoga ortodoxa que nem mesmo Moshe (Moisés) tinha autorização de Elohim de orar em suas próprias palavras, e fazer um serviço de forma livre. Tudo teria que ser feito sempre com o aval dos sábios do povo. Essa verdadeira prisão litúrgica, associada à incompreensão do que se diz (pois os hazanim/condutores nunca lêem uma linha em português) leva não apenas muita gente a chegar para os serviços apenas na hora das refeições, como também a muita gente se sentir vazio e podado em sua espiritualidade.

29) Quem é mais importante?
Em diversas sinagogas Chabad, há somente uma coisa que pode rivalizar com o tamanho do Aron HaKodesh: As fotos e quadros do Lubavitcher Rebbe, gigantescos, nas paredes. Em visita à casa do rabino Jonas, Lucas percebeu que havia mais fotos do Rebbe do que dos próprios filhos do rabino. Enquanto esse último ocupava literalmente três paredes da sala,  os retratos dos filhos ficavam restritos a pequenas fotos postas à mesa.

30) O Enfoque do Ensino
Nas aulas existentes nas sinagogas, o enfoque dado ao texto da Torah propriamente dita é muito pequeno. Se for uma sinagoga chassídica, ênfase será dada na chassidut. Se for uma sinagoga ortodoxa mais tradicional, normalmente a ênfase dada é no Talmud.
Muito poucos jovens judeus, mesmo dentre os que estudam mais assiduamente, conhecem plenamente o texto da Torah, e pouquíssimos seriam capazes de sequer nomear mais do que um ou dois livros do restante do Tanach, quem dirá o Tanach inteiro. Todavia, costumam conhecer todos os costumes, e muitas das mitsvot d’rabanan (mandamentos rabínicos) que são ensinados a cada semana.

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Fonte torah viva



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