sábado, 12 de março de 2011

O verdadeiro sacrifício

por Rab. Eliyahu Rosenfeld – Nessa semana começamos a ler um novo livro. Vayicrá (Levítico) é essencialmente um livro sobre sacrifícios, mais especificamente os que eram oferecidos a D’us no altar do Templo Sagrado. O segundo verso nos leva a uma interpretação inusitada ao deixar muito claro que o foco da Torá não está tanto no animal que está no altar, mas sim na pessoa que o está oferecendo. “Quando um homem vai trazer uma oferta de entre vós a D’us, dos animais, do gado ou do rebanho deve você trazer a sua oferta.” (Levítico 01:02)
Rabi Shneur Zalman de Liadi, em seu clássico Likutei Torá, afirma que a sintaxe da Torá é deliberada. A interpretação feita reflete a proximidade das palavras korban (oferenda) e karov (perto), no contexto de que “quando um homem traz uma oferta para sacrifício, ele quer se aproximar de D’us e, por isso, essa oferenda vem de dentro do homem, do animal que há dentro dele”.
Todos nós temos nossos instintos animais e são esses quem devem ser “sacrificados” no altar de D’us. É nosso dever nos “humanizar” cada vez mais, trabalhando os aspectos de nosso “animal interior” desenvolvendo traços nobres de caráter até que ele seja neutralizado ou, melhor ainda, santificado. Assim, a Torá nos transmite a importância de sermos humanos com caráter plenamente humano. Nossa busca deve ser no sentido de adotarmos um comportamento maduro e refinado, observando constantemente nossas tendências, checando nossos sentimentos e disposições. Devemos nos perguntar: estou satisfeito comigo mesmo?
Ao buscar em nós mesmos aqueles comportamentos que são inaceitáveis para, em seguida, transformá-los é a tarefa que a Torá nos aponta. Esse é, de fato, o verdadeiro sacrifício: o do animal dentro de nós.

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